Grupo estrangeiro de informática investirá em público de até 3 salário mínimos, confirma Santanna

11/02/2005 - 15h49

Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Em entrevista exclusiva à Agência Brasil, o secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna, também detalha a participação do grupo estrangeiro Internet Acess for Everyone (Itafe – Acesso à Internet para Todos) em investimentos para inclusão digital este ano. O grupo reúne empresas do ramo de informática como a BMC Software, Global Learning Venture, Philipe Eletronics, Dell e Intel, e escolheu o Brasil para desenvolver uma espécie de "ecossistema" de inclusão digital para famílias que possuem renda inferior a três salários mínimos. Leia a seguir a última parte da entrevista:

ABr: Recentemente o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, disse que o Itafe, grupo que reúne empresas estrangeiras do setor de informática, escolheu o Brasil para investimentos de inclusão digital este ano. Como o senhor vê essa aproximação do governo com o setor privado?

Rogério Santanna: Eu acompanhei bastante esse assunto. O Itafe, que é um conjunto de empresas de alcance mundial, escolheu o Brasil como centro para o desenvolvimento de um ecossistema para inclusão digital. O foco do Itafe é atingir os públicos de um a três salários mínimos, basicamente. O programa PC Conectado pega famílias com renda acima de cinco salários mínimos. Então, é um programa complementar que visa criar um ecossistema com tecnologias mais baratas, mais adequadas à população com a renda menor, que permitam inserir essa população no mundo da sociedade de informação e que essa tecnologia seja auto-sustentável, permita obter alguma renda que sustente todo esse ecossistema.

Não é só o dispositivo mais barato que substituirá o computador, porque aí haverá diversas alternativas. Mas também a criação de todo um ambiente de negócios que não existe hoje para parte da classe C, D e E. O grupo do Itafe analisou três países para experimentar essa tecnologia: Índia, China e Brasil. E escolheu o Brasil como o país onde será testado pela primeira vez esse modelo, o que é para nós uma grande vantagem para que nós possamos com isso talvez gerar um ecossistema de inclusão digital muito bom.

ABr: Então o senhor como positiva essa participação de capital privado e externo dentro desse processo de inclusão digital do governo?

Rogério Santanna: Eu vejo como muito positivo, até pelo ponto de vista da criação de negócios. Na verdade, faltam soluções para os pobres. Nós não temos soluções para os pobres na sociedade de informação. E pela primeira vez essas empresas do Itafe têm oportunidade de pensar produtos adequados a essa população. Nós vimos, por exemplo, a popularização do telefone celular no Brasil. Isso mostrou que basta ter produtos para que a população possa se inserir.

No total, dois terços da população dispõe de acesso a telefone celular, que já é hoje maior que o telefone fixo com grande concorrência e diversas soluções desenvolvidas com diferentes empresas. Portanto, mostra que é preciso ter produtos adequados à nossa população. E o Itafe tem essa oportunidade de criar produtos adequados para a sociedade da informação, para uso de comércio eletrônico, governo eletrônico, criação de um novo ambiente computacional necessário para atingir as Metas do Milênio.