ONS adquire equipamento por R$ 60 milhões para evitar queda de energia elétrica

28/01/2005 - 12h13

Keite Camacho
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelmann, disse hoje que um sistema adquirido pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) por R$ 60 milhões, antes dos episódios de falta de energia ocorridos no início do mês e que atingiram os estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, será implantado até o fim do ano nas principais subestações do país.

Com este sistema, será possível medir a tensão antes da falta de corrente e o estado dos disjuntores, antes e durante o desligamento de linhas de energia. "Isso permite identificar qual a causa de um desligamento, se foi falha humana ou de equipamento, permitindo que se aperfeiçoe os sistemas de manutenção e de treinamento de pessoal", explicou Kelmann. Ele destacou que a intenção é "maximizar a segurança sem causar um grande impacto na conta para o consumidor. Isso significa que mais alguns investimentos têm que ser feitos, mas não devemos ser contaminados por uma histeria que impulsione investimentos exagerados".

Além do sistema, a Aneel prepara uma escala que vai de zero a dez para medir a intensidade da falta de energia. Ela será semelhante a escala Rischter, que mede tremores de terra. "Quando as pessoas lêem uma notícia sobre um terremoto, sabem diferenciar entre um leve tremor na escala três e um na seis. Isso serve para classificarmos os eventos quanto à severidade. No caso de desligamentos de energia, é interessante termos uma mensuração parecida para determinar a gravidade dos eventos e assim orientar nossos investimentos de forma mais sábia", explicou.

Uma espécie de caixa-preta também está em estudo para que seja possível acompanhar as conversas entre operadores e avaliar a situação dos equipamentos. Kelmann disse ainda que, para o carnaval, a Aneel decidirá favoravelmente ao pedido do ONS de aumentar o suprimento de energia para o Rio de Janeiro e outras capitais onde as comemorações sejam mais intensas. "Neste caso, serão mantidas linhas adicionais e alguma geração térmica no próprio estado do Rio de Janeiro", informou.

Ontem (27), a Aneel encaminhou à Furnas o seu relatório sobre o apagão de 1º de janeiro. Segundo Kelmann, quatro foram os fatores considerados pela agência: a falha no sistema de comunicação entre as subestações de Cachoeira Paulista e Campinas, em São Paulo; a chuva forte que infiltrou num painel, desligando duas, das três linhas em funcionamento no dia; a provável falha humana, conseqüência do problema na comunicação entre operadores do sistema, que desligaram a última linha em funcionamento; além da falta da caixa-preta.

Furnas tem agora 15 dias para rever o relatório da Aneel e encaminhar suas considerações. Depois, a agência decidirá sobre a aplicação de multas.