Rendimento dos trabalhadores da Grande SP cresce após seis anos de queda

27/01/2005 - 15h48

Elisângela Cordeiro
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - A alta verificada em 2004 no rendimento médio real dos trabalhadores da Região Metropolitana de São Paulo interrompeu uma trajetória de queda de seis anos, segundo pesquisa divulgada hoje pelo Sistema Estadual de Análises de Dados (Seade) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio- Econômicos (Dieese). O estudo mostra que os rendimentos médios reais dos ocupados e dos assalariados aumentaram 1,5% e 1,2%, atingindo R$ 1.015 e R$ 1.076 respectivamente.

A ampliação de postos de trabalho, mais precisamente com carteira assinada (95 mil), o reaquecimento econômico e as melhores negociações salariais são apontados pela economista do Dieese Patrícia Lino Costa como os fatores que contribuíram para a melhora no valor dos salários. "Se atribui primeiro a uma contratação maior dos assalariados com carteira que tendem a ter um rendimento maior e também ao desempenho das negociações salariais de 2004, o balanço mostra que no primeiro semestre muitas categorias conseguiram aumentos acima da inflação e que no segundo semestre esse resultado tende a se repetir", destacou.

A alta dos rendimentos em 2004 não é suficiente, no entanto, para recuperar as perdas salariais acumulados no período. Apesar da melhora em relação a 2003, as médias salariais do ano passado são as menores registradas de toda a série da pesquisa. Na comparação de 2004 com 1999, os rendimentos médios dos ocupados e assalariados encolheram 25,4% e 22,8%. A elevação do desemprego no período e a migração dos trabalhadores da indústria para o setor de serviços ajudaram a puxar a média dos salários para baixo, uma vez que neste seguimento os rendimentos são geralmente mais reduzidos.

No que se refere à concentração de rendimentos, a pesquisa revela que os 60% mais pobres continuam dividindo a mesma parcela de renda paulista de 23,3%, entre 2003 e 2004, Já os 10% mais ricos ampliaram sua participação no bolo, aumentando sua fatia de 41,8% para 42,1%. Quem perdeu espaço foi a chamada classe média salarial - composta por 30% dos trabalhadores, reduziu sua participação nos rendimentos de 34,8% para 34%.

As características do mercado de trabalho paulistano estão mudando também no que se refere a regiões e participação das empresas. Segundo local de trabalho, 65,9% dos ocupados da região Metropolitana de São Paulo trabalhavam no município de São Paulo, proporção que vem diminuindo lentamente desde 1999 (71,9%). Além da capital, as cidades do ABC, considerado grande pólo industrial, estão perdendo espaço para os demais municípios, como Guarulhos, que ampliaram a oferta de trabalho.