Gabriela Guerreiro
Enviada especial
Porto Alegre – No primeiro encontro oficial com participantes do 5º Fórum Social Mundial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu que continua sendo um militante das causas sociais. Durante a reunião com 80 integrantes do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial, realizada na noite desta quarta-feira, Lula ouviu sugestões e respondeu a quatro perguntas dos participantes sobre temas do cenário político internacional e reforma agrária.
"O presidente foi visto como uma liderança, como porta-voz daqueles que nunca tiveram voz. Foi uma conversa franca, ele deixou as pessoas à vontade, e disse que é um ativista social que ocasionalmente ocupa da Presidência da República", relatou o presidente do Instituto Ethos e ex-assessor especial de Lula, Oded Grajew.
Os quatro integrantes do Conselho que fizeram os questionamentos ao presidente foram selecionados pelos próprios integrantes do Fórum. A primeira questão apresentada foi a participação de Lula no Fórum Econômico Mundial, para onde ele segue nesta quinta-feira, depois de participar da Chamada Global para Ação contra a Pobreza – onde vai discursar no ginásio Gigantinho para 14 mil participantes do FSM. "O presidente disse que em todos os lugares que vai fala as mesmas coisas e não muda o discurso. Ele defendeu a necessidade de perdoar a dívida dos países pobres, e acha que deve haver pressão política nesse sentido", disse Grajew.
O assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, disse que Lula explicou de forma clara que vai repetir o que fez em 2003: transmitir em Davos a mesma mensagem que for apresentada em Porto Alegre. "Ele vai abordar no Fórum Econômico Mundial o tema da pobreza, até porque continua mais forte do que nunca. Ele vai reafirmar a fome em Davos como tema prioritário, e vai evidentemente conversar com empresários que estão lá porque nós temos interesse de atrair investimentos para o Brasil, mas isso é um tema residual", disse Garcia.
Já o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci, disse que Lula defendeu diante dos integrantes do Conselho desdobramentos das discussões realizadas no Fórum após o término do evento. "Ele falou que é preciso usar melhor a força depois que o Fórum for encerrado", disse o ministro. Segundo Luiz Dulci, a relação do governo federal com os movimentos sociais é aberta, permanente e sem a necessidade de concordância em todas as discussões. "O diálogo é permanente e há canais em diversos Ministérios", garantiu Luiz Dulci.
Outro tema apresentado durante a reunião com o Conselho do FSM foi a reforma agrária. Lula reafirmou, segundo o ministro do Desenvolvimento Agrário. Miguel Rossetto, o compromisso do governo federal de assegurar a distribuição de terras com inclusão social para que os agricultores possam se manter nos assentamentos. "O presidente reafirmou o nosso compromisso em assegurar a completa implementação do Plano Nacional de Reforma Agrária e mais do que isso: toda uma política que estamos desenvolvendo para os agricultores que estão na terra, com a ampliação dos recursos do Pronaf, e a estratégia de desenvolvimento com inclusão social", garantiu Rossetto.