Evento reúne representantes de 150 povos indígenas

25/01/2005 - 15h34

Bruno Bocchini
Enviado especial

Porto Alegre - Cerca de 150 povos indígenas estão representados no Fórum Social Mundial (FSM). Esta é a primeira vez que os indígenas participam do FSM com uma programação específica e organizada por suas próprias entidades. "Puxirum de Artes e Saberes Indígenas" será a principal atividade indígena no evento. Puxirum significa "reunião de esforços em prol de objetivo comum".

Segundo o coordenador dos povos indígenas do Peru, Miguel Palacín Quispe, um dos organizadores do espaço indígena, a atividade foi criada para discutir questões ligadas ao território das reservas, recursos naturais, biodiversidade e administração política dos estados em territórios indígenas.

"Cinqüenta por cento dos povos indígenas do mundo estão na América do Sul, principalmente no Equador, Peru e Bolívia. No entanto, nos fóruns anteriores não houve um nível de participação satisfatório dos povos indígenas. Queremos agora ter um melhor nível de participação junto às demais organizações sociais do mundo. Queremos que, a partir das propostas que nascem, tomemos decisões para agirmos frente aos temas que se discutem", disse Quispe.

O coordenador das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica, Sabastião Haji Manchineri, por sua vez, disse que o espaço Puxirum deve "colocar em evidência um momento de contradição na América Latina". "Por um lado, a efervescência que nasce dos povos indígenas, que encontra como referência o nacionalismo de Chávez (Hugo Chávez, presidente da Venezuela). E, a partir disso, por outro, o que está se gerando em contrapartida: uma série de respostas, como essas políticas de globalização", explicou.

Segundo Haji, o Peru foi o país onde as receitas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial foram aplicadas de maneira mais eficiente. "E a única coisa que obtivemos em dez, quatorze anos de aplicação dessas receitas foi que mais da metade da população do Peru está em situação de pobreza", afirmou Haji.

Sobre a participação indígena no fórum, Haji disse que acredita em um processo de amadurecimento do evento. "Eu creio que ocorre um processo de maduração, e cada vez mais está se falando em defender nosso território, e não somente no sentido do espaço geográfico, mas também no sentido político", afirmou.