Spensy Pimentel
Enviado especial a Manaus
Manaus – Membro do Comitê Internacional do Fórum Social Mundial, o ítalo-brasileiro Jose Luiz Del Roio diz que o evento entra em nova fase este ano, em sua quinta edição, a quarta em Porto Alegre. "Teremos assembléias gerais que vão tirar documentos para que se formem plataformas mundiais de luta", afirma.
Ele explica que, ao contrário do que ocorreu em anos anteriores, o fórum estará dividido em 11 eixos temáticos. Ao longo de três dias, cada um desses grupos, fará uma assembléia geral diária, em que se vai chegar a consensos sobre as lutas em questões específicas, como o direito à água ou a reforma agrária. "Depois, todos os fóruns do mundo terão 60 dias para discutir esses documentos".
Del Roio diz que a tendência é o FSM se tornar mais propositivo. "Passamos quatro anos pondo as redes de movimentos sociais em contato. Havia países e movimentos que não passava um na cabeça dos outros que existisse. Agora eles se conhecem. O sujeito do Burundi conhece o do Nepal, o do Senegal conhece o do Paraguai. Agora começa uma nova fase".
O ativista reconhece que o espaço dos fóruns destinado aos eventos organizados pelas próprias entidades precisa ser aperfeiçoado. "Eles não aprenderam a trabalhar, nem nós a explicar para eles tudo isso. É preciso que entendam que o fórum não é um evento, é um momento dentro de um processo. Tem que haver um trabalho permanente durante o ano para que se desemboque nos cinco dias de fórum. Muitos pensam que é só vir, falar, ouvir e depois voltar para casa". "Todos têm direito de falar, mas quando 50 tentam falar em duas horas, cria-se um problema técnico", diz Del Roio.
O organizador do FSM lembra o papel positivo que desempenha o contato entre as diferentes participantes do evento: "Dá muita força às entidades, às comunidades. Você imagina um sujeito que é índio no interior da Colômbia, esmagado na luta entre o narcotráfico, os paramilitares, a guerrilha, o governo e os americanos... Ele se sente um verme! No fórum, não. No fórum, ele é gente".
Del Roio também cita como exemplo a presença no 4º FSPA da ativista indiana Surekha Dalvi: "Ela representa 70 milhões de indígenas. Já pensou o que é um índio daqui conversar com uma mulher como ela? O mundo muda, ele descobre que a sua luta é bem maior. Eles tocam nela. É uma coisa muito forte, eles vão ter mais força para lutar."