Keite Camacho
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Menos um na fila de transplantes no Rio de Janeiro. Eliezer Alves de Oliveira, 47 anos, há oito anos na lista, recebeu dois rins de uma criança, vítima de intoxicação por monóxido de carbono. A cirurgia inédita no estado, feita pelo médico Hermógenes Petean Filho, chefe do serviço de cirurgia vascular e do grupo de transplante renal do Hospital Geral de Bonsucesso (HGB), na zona norte do Rio, traz esperança para os que ainda necessitam de hemodiálise diária.
O médico conta que por ter o tipo sanguíneo ‘O’, Eliezer constava de uma lista pequena, mas com grande dificuldade de obter doadores compatíveis. A cirurgia foi feita no último dia 14 e o paciente passa bem, sob os cuidados da equipe da Unidade de Transplante Renal do HGB. Portador de deficiência renal crônica, ele fazia hemodiálise, o que agora é passado. A previsão, segundo o médico, é de que o transplantado tenha alta na próxima semana. "Ele poderá comer um churrasquinho, comer melhor. Foi uma vitória para ele. Agora, tomará a medicação fornecida pela Secretaria de Saúde e será acompanhado o resto da vida pelo hospital onde fez o transplante", disse o médico.
Petean Filho conta que o transplante é inédito porque o rim de uma criança não atende à demanda da depuração do sangue de um adulto. Enquanto os rins pequenos podem ser transplantados cada um para duas crianças, no caso do receptor adulto, o transplante foi feito em bloco, ou seja, Eliezer recebeu os dois de uma vez só. "Não havia receptores jovens que recebessem o rim de uma criança. Não havia praticamente, no Rio de Janeiro, criança desse tipo sanguíneo na lista de espera", explicou.
Segundo o médico, em todo o Brasil, mais de 60 mil pacientes fazem hemodiálise, que é um tratamento substitutivo. Só no Rio, há cerca de seis mil aguardando um rim. "Há quem fique 12 anos esperando por um doador", disse.
Petean informou que quando o HGB começou a fazer transplantes, 90% deles eram de doadores vivos. "Hoje, a proporção está em 50%. Há um aumento de oferta com isso, porque nem todos têm muitos irmãos", acrescentou.
As estatísticas mostram, de acordo com o médico, que houve aumento de 20% na quantidade de transplantes realizados em 2004, colocando o Brasil no topo dos países transplantadores. "O Bonsucesso acompanhou a tendência nacional. Enquanto em 2003 foram realizados 99 transplantes de rim, em 2004 passou de 120", disse.
Hospital federal, vinculado à Secretaria de Atenção à Saúde, o HGB bateu o recorde dos transplantes renais e hepáticos dos últimos quatro anos, tornando-se o maior centro transplantador do estado.
Fundado em 1948, o hospital está subordinado a um Conselho de Gestão, constituído por representantes do Ministério da Saúde (NERJ), da Secretaria de Saúde do estado, do Conselho Estadual de Saúde, da Secretaria Municipal, do Conselho Municipal de Saúde do Rio, dos secretários municipais de saúde da Baixada Fluminense, do Conselho dos Secretários Municipais de Saúde do estado (COSEMS), do Conselho Distrital de Saúde.