Mylena Fiori
repórter da Agência Brasil
Brasília - O 5º Fórum Social Mundial, que ocorre de 26 a 31 de janeiro em Porto Alegre/RS, irá além da troca de idéias sobre um mundo novo. Este ano, a proposta é estimular a produção de planos de ação e estratégias efetivas. "Será uma enorme frustração se a gente não começar a caminhar na direção deste outro mundo possível", sintetiza Oded Grajew, um dos um dos idealizadores e membro do Comitê Organizador e do Conselho Internacional do FSM.
As novidades e as perspectivas futuras do Fórum Social Mundial foram discutidas ontem em São Paulo por Grajew, Chico Whitaker - também um dos criadores e organizadores do FSM e membro do Conselho Internacional -, e José Correa Leite, da Secretaria Nacional do FSM. Também participaram da mesa de debates o arquiteto Nabil Bonduki, o publicitário Adriano De Angelis (do Coletivo Intervozes) e Gert Madalena, da Fundação Rosa Luxemburgo.
A conclusão, unânime, é de que o Brasil e o mundo vivem um novo momento histórico e o Fórum precisa tornar-se mais propositivo. "Estamos tentando avançar na linha da ação concreta", explica Whitaker. Grajew lembra que em 2001, ano de nascimento do Fórum, o neoliberalismo e o Fórum Econômico Mundial, de Davos, estavam "no auge". "Hoje não existe mais este pensamento único. O descrédito do modelo neoliberal é imenso e eles mesmos têm vergonha de falar o que continuam pensando", diz. Portanto, a hora não é mais de apontar os males do mundo, mas identificar caminhos para uma nova realidade.
Para aumentar a capacidade de ação dos movimentos sociais, ongs e a sociedade civil, nesta edição do FSM cada espaço temático terá um mural para afixação de propostas concretas. Como nos anos anteriores, não haverá um documento final. "O Fórum não precisa de um documento, precisa é dar visibilidade ao que está acontecendo. O documento final seria a morte do Fórum pois seria a redução daquela imensa diversidade de idéias", explica Whitaker.
Com relação ao futuro, Correa Leite enumera os 3 grandes desafios do FSM: a internacionalização, a democratização e o enraizamento do Fórum nas práticas políticas da esquerda. A internacionalização e sua conseqüente democratização devem vir a partir de 2006, com a proposta de um Fórum descentralizado, realizado simultaneamente em vários continentes. Whitaker propõe, inclusive, a proliferação dos fóruns locais, de caráter permanente.
Com relação ao terceiro desafio, Correa Leite explica: "Os instrumentos políticos que a esquerda tinha para empreender a mudança social se mostraram cada vez mais inadequados. Se impõe a necessidade de um outro padrão de ação política e o Fórum é a possibilidade da esquerda construir uma cultura política à altura de nosso tempo". Segundo ele, o FSM ainda deve "algo" ao Brasil. "Temos que fazer alguma coisa para que as idéias do Fórum se transformem em práticas políticas de esquerda", conclui.