Amorim: se estiver no Conselho de Segurança, Brasil dará atenção especial aos problemas africanos

20/01/2005 - 5h59

Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Ao encerrar ontem (19) uma viagem de oito dias a países africanos, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, avaliou de forma positiva os contatos firmados durante os encontros. A última visita do ministro foi a Dakar, no Senegal, de onde partiu para o Brasil, após visitar Cabo Verde, Nigéria, Guiné Bissau e Camarões. Para o ministro, a viagem foi positiva tanto no plano político, como no econômico e cultural.

Amorim considerou importante os comentários que ouviu sobre o Brasil nos países que visitou. "Acho que é normal que o Brasil que, obviamente estará, se estiver no Conselho de Segurança representando a América Latina, é um país que vai dar uma atenção muito especial aos problemas africanos, como sempre teve, dentro de uma visão não-paternalista, mas com uma intenção de cooperar, sem buscar uma vantagem imediata em troca", disse o ministro em entrevista exclusiva à Radiobrás.

O ministro negou, entretanto, que a viagem tivesse como intenção negociar o apoio dos países africanos à candidatura brasileira a membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) e à candidatura do embaixador brasileiro Luiz Felipe Seixas Correa à diretoria-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). A eleição para o cargo na OMC deve ocorrer ainda no primeiro semestre.

"A eleição na OMC é um processo de consulta que toma tempo. O Brasil tem condição de ganhar essa corrida de fundo e eu me sinto estimulado pelos contatos que tive aqui. Não há ninguém na África que eu conheça que tenha qualquer tipo de resistência ao Brasil. Em alguns lugares ouvi dizer que o Brasil dá um bom acréscimo ao Conselho de Segurança".

Amorim lembrou ainda os laços de proximidade entre o Brasil e os países africanos. "Veja que do Senegal para o Recife são só quatro horas, é menos tempo do que gastamos de Camarões ao Senegal".

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve viajar ao continente africano este ano. Para Amorim, a frase do presidente do Senegal, Wade Aboulaye, resume o que se pode esperar da visita. "Ele disse que Lula é o primeiro presidente negro do Brasil".