Paula Menna Barreto
Repórter da Agência Brasil
Brasília – "A desapropriação de terras para fins de reforma agrária é o principal instrumento para democratizar o acesso à terra", afirma o coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Isidoro Revers. Para ele, o governo deveria selecionar as regiões prioritárias para fazer a reforma agrária. "A maior parte das terras desapropriadas em 2004, quase 50% delas, foi na região da Amazônia, que não é uma região de maior demanda por reforma agrária", diz. O coordenador defende que a região Nordeste, o Paraná e o Rio Grande do Sul são os locais onde deveria haver maior número de terras desapropriadas.
Ao avaliar o balanço da reforma agrária divulgado nesta quarta-feira (19) pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Isidoro Revers diz que a falta de uma política integrada é um dos principais entraves para o governo realizar a reforma agrária. "O governo ainda não incorporou a reforma agrária como desenvolvimento regional. Não trabalha em conjunto para isso". Para Revers, o governo conseguiu ampliar os recursos, mas ainda promove o agronegócio como carro-chefe das políticas agrícolas.
O presidente do Incra, Rolf Hackbart, afirma que o diálogo com os movimentos sociais continua de forma transparente. "Eles podem confiar no governo porque a reforma agrária é prioritária". Hackbart diz também que a maior preocupação do governo é fazer a reforma agrária de forma regionalizada e integrada. "Como estamos fazendo no Paraná e Rio Grande do Norte, por exemplo", diz.
Segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), 200 mil famílias estão acampadas às margens das rodovias brasileiras aguardando para serem assentadas. O MST enfatiza que apenas 1% dos proprietários têm 48% das terras do país.
Dados parciais coletados pela Comissão Pastoral da Terra, registraram, em 2004, 32 assassinatos em conflitos pela posse da terra, 408 ocupações em fazendas e 98 acampamentos às margens das estradas. Para a CPT, as ocupações devem aumentar ainda mais em 2005. No passado, segundo a CPT, houve 31 casos em que 2.232 mil famílias foram expulsas a força por proprietários de terra. Na justiça estão registrados 169 casos em que 31.315 mil famílias foram despejadas.