Spensy Pimentel
Enviado Especial da Radiobrás à Guiné Bissau
Bissau – "Em tempos passados, aqui, neste lugar onde será instalado pelo Brasil esse futuro Centro de Formação Profissional, o fundador de nossa nacionalidade, Amílcar Cabral, iniciou a formação de quadros na clandestinidade para luta pela libertação nacional. Hoje, a formação é outra. Estamos aqui com a ajuda de um país amigo para formarmos pessoas sentadas com uma caneta na mão, viradas para um computador, navegando na internet rumo ao desenvolvimento".
Com essas palavras, Joaquim Munine Embaló, ministro guineense da Administração Territorial e Trabalho, saudou o chanceler Celso Amorim e a comitiva brasileira durante cerimônia que marcou o início das obras do primeiro Centro de Formação Profissional em seu país. Guiné deve ser o quarto país de língua portuguesa a receber uma instituição do gênero.
"Se antes surgiam aqui os guerrilheiros da independência, agora serão guerrilheiros do desenvolvimento", afirmou o chanceler Celso Amorim. Ele também lembrou durante a visita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "começou sua vida num centro como esse". E emendou: "Espero que um estudante desse centro possa ter um destino como esse".
Os Centros de Formação Profissional já existem em Angola e Timor Leste, e agora serão implantados em Cabo Verde e em Guiné Bissau. Em seu atual formato, resultam de uma parceria entre a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) – que já formava sozinho centros semelhantes anteriormente em Angola desde 1984.
Segundo o representante do Senai na comitiva brasileira que visita até terça-feira cinco países africanos, Ricardo Rezende, o centro deve estar concluído dentro de no máximo dois anos, mas a formação dos novos alunos deve começar ainda durante as obras. Os responsáveis pelo projeto devem utilizar trabalhadores do próprio local, para ensinar aos jovens técnicas de construção civil. "Também haverá cursos de mecânica e eletricidade, o que completa as técnicas básicas necessárias para reconstruir o país", explica Rezende.
Os primeiros doze jovens serão preparados para atuar como multiplicadores no próprio centro. Em Angola, onde o projeto já existe há 20 anos, o Senai já criou centros de ensino em artes gráficas, têxtil e confecção, panificação, mecânica e uma última unidade multiuso – visitada pelo presidente Lula em 2003, quando ele esteve em Luanda.