Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio - A idéia de que é importante ter inflação baixa primeiro para depois haver crescimento não deve justificar políticas públicas irresponsáveis nem subestimar o efeito no país de políticas públicas bem aplicadas. A afirmação foi feita hoje pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em reunião-almoço na Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro.
Segundo ele, é importante que a sociedade tenha acesso às informações para avaliar a qualidade e a eficácia das políticas públicas, de modo que o Brasil possa seguir o caminho de um crescimento sustentável, evitando erros de políticas que possam trazer prejuízos aos brasileiros.
Meirelles lembrou que a história comprova o fato de a inflação ser pré-condição para o crescimento. "A experiência brasileira e de outros países mostra que quando a inflação é elevada cai o poder de compra do trabalhador, porque este tem pouca possibilidade de se defender com rapidez do aumento da inflação, como têm os setores privilegiados da população", afirmou.
De acordo com Meirelles, a perda do poder de compra do trabalhador gera efeitos importantes na demanda e a economia entra em uma escala descendente, como ocorreu entre 2002 e 2003. Ele lembrou que a história também mostra que a inflação "desorganiza" a economia.
Meirelles disse que isso leva o empresário, por exemplo, a não mais focar sua atenção no aumento da produtividade ou manutenção da fatia do mercado, mas meramente na manutenção de margem de lucro, numa atitude defensiva, olhando para a inflação passada para tentar se defender da inflação futura.
Ele voltou a afirmar que não há exemplo de países com inflação muito elevada que tenham conseguido manter o crescimento alto. "No Brasil ficou patente que, quando a inflação subiu muito, a taxa de crescimento caiu", observou.