Cabo Verde e Brasil definem intercâmbio para criação de universidade

14/01/2005 - 18h01

Spensy Pimentel
Enviado especial a Cabo Verde

Ilha do Sal - Cabo Verde vai contar com a cooperação técnica brasileira no processo de criação de sua primeira universidade publica. O programa de trabalho foi acertado na reunião de hoje entre representantes dos dois países, na Ilha do Sal, uma das dez que formam o arquipélago.

"Este país não dispõe de recursos naturais suficientes, então precisamos ensinar os homens a ter ousadia e imaginação, para que possam desdobrar os recursos naturais existentes e mobilizar ainda outros recursos", afirmou o chanceler caboverdiano Victor Borges, durante a cerimônia de assinatura de acordos entre os dois países.

Uma parte de Cabo Verde tem clima e vegetação desérticos. Ao longo do século XX, estima-se que cerca de 200 mil pessoas tenham morrido com as secas que periodicamente assolam o país, devido a fatores como a influência dos ventos vindos do deserto do Saara, o chamado "vento leste".

O programa de trabalho para a criação da universidade prevê cooperação na formação de gestores e docentes, via intercâmbio, alem de assistência técnica para a elaboração de um plano de ensino superior no país. Também vai haver compartilhamento de bases de dados de publicações cientificas e um auxilio de técnicos brasileiros para a criação de uma biblioteca, uma
gráfica e uma editora para a universidade.

Segundo o representante do Ministério da Educação na comitiva ministerial em Cabo Verde, Alexandre Prestes Silveira, Cabo Verde envia hoje entre 15% e 20% dos cerca de 1.000 alunos estrangeiros que o Brasil recebe anualmente, como resultado de acordos internacionais.

Silveira, que é assessor para assuntos internacionais do ministro Tarso Genro, lembra ainda que o próprio primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria das Neves, graduou-se em Administração na Fundação Getulio Vargas, em São Paulo, nos anos 80. Atualmente, segundo o Itamaraty, mil, entre os 3 mil caboverdianos no Brasil, são estudantes universitários.

Há dois anos Cabo Verde se beneficia do programa brasileiro Alfabetização Solidária, que atende 2 mil alunos no país. Além disso, em sua visita ao país em julho, o presidente Lula lançou um telecentro piloto, como forma de apoiar a inclusão digital no arquipélago.

Implantado na capital caboverdiana, o Instituto Internacional da Língua Portuguesa, iniciativa da Comunidade dos Paises de Língua Portuguesa (CPLP), deveria ser visitado hoje por Amorim, bem como o local que deve abrigar as futuras instalações do Centro de Formação Profissional a ser implantado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em convênio com a Agência Brasileira de Cooperação.

Mas segundo a embaixada brasileira, uma greve de aeroportuários e comissários de vôo impediu o deslocamento da comitiva da Ilha do Sal, onde fica o aeroporto internacional do arquipélago, até Praia.