Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governo brasileiro dá esta semana mais um passo para reunir novos apoios em torno da recuperação política, social e econômica do Haiti. No comando das tropas das Nações Unidas para reconstrução do país desde julho de 2004, o Brasil participa na quarta-feira (12) de reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para discutir os rumos da ajuda internacional ao país.
Em entrevista exclusiva à Agência Brasil, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim – que representará o governo brasileiro na reunião - disse estar otimista para que a opinião pública internacional continue mobilizada em prol da reconstrução do país. "O mundo continua a existir. Outras coisas continuam a ocorrer como foi o tsunami na Ásia. A questão da Ásia não poderia fazer com que o foco nas questões da África fosse desaparecer. É a mesma coisa com relação ao Haiti. O Brasil acabou assumindo essa função de ser não o único, mas tendo por força de várias circunstâncias essa função de ser o 'grilo falante' em relação ao Haiti, de chamar sempre atenção sobre a situação do Haiti", ressaltou.
Na avaliação de Celso Amorim, a ajuda internacional ao Haiti correspondeu às expectativas do governo brasileiro. Ele ressaltou, em especial, os US$ 1,2 bilhão repassados ao país pela comunidade internacional para ajudar no pagamento da dívida do país com o Banco Mundial. "Eu acho que há sim um interesse, até eu diria que o fato do Haiti ter reservas suficientes para dispensar esse empréstimo é sinal de que esse dinheiro está fluindo. Isto não é uma coisa que a gente consegue fazer do dia para a noite, nem pode. Se jogasse lá US$ 1,2 bilhão de repente não ia poder utilizar. Eu acho que estão caminhando, há uma compreensão para a importância disso".
Celso Amorim voltou a defender o tripé "segurança, diálogo e ajuda internacional" como os principais pilares para a reconstrução do Haiti. Segundo o ministro, o diálogo é essencial entre os próprios haitianos, e também com o resto do mundo, para facilitar as operações de segurança que têm como objetivo restabelecer a ordem no país.
A reunião do Conselho de Segurança terá o formato de um grande debate entre os membros do organismo para que cada país possa apresentar suas expectativas com relação ao futuro do Haiti. O ministro revelou que, ao final do encontro, será apresentada uma declaração presidencial, ainda em negociação pelos membros do Conselho, para reafirmar a importância do engajamento a longo prazo da comunidade internacional na questão haitiana.
Amorim deixou claro, no entanto, que não está prevista nenhuma conclusão direta para ações no Haiti – apenas um espaço para o debate. "A reunião não é para tomar decisão transcedental. Até porque a decisão foi tomada um mês e meio atrás e é só daqui a quatro meses que temos que discutir de novo a prorrogação das tropas", esclareceu. A atuação do Brasil à frente das tropas da ONU no Haiti, segundo Celso Amorim, foi fundamental para mobilizar as ações mundiais em favor dos haitianos. "O fato de existir um Grupo do Conselho Econômico atuando em conjunto com o Conselho de Segurança, isso em boa parte se deve à própria ação do Brasil para que a questão do Haiti seja vista dessa maneira", disse.
O ministro embarca nesta terça-feira (11) para Trinidad e Tobago. Logo após a visita, Celso Amorim viaja aos Estados Unidos onde participa da reunião do Conselho de Segurança da ONU. Depois, segue para o continente africano onde visita cinco países até o próximo dia 19.