Keite Camacho e Luthianna Holenbach
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Dois apagões em sete dias deixaram às escuras regiões do norte do estado do Rio de Janeiro e região metropolitana de Vitória, no Espírito Santo. A ministra de Minas e Energia, Dilma Roussef, deve receber nesta semana relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre as causas e prejuízos do último apagão, ocorrido na útlima sexta-feira (7).
Uma reunião técnica, logo mais às 14 horas, com membros da Excelsa, Ampla e Furnas – administradoras das linhas de transmissão que sofreram queda – discutirá detalhes do apagão, segundo a assessoria do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A Aneel deu prazo até as 18 horas de hoje para que Furnas envie explicações sobre o blecaute.
Luiz Pinguelli Rosa, coordenador de pós-graduação de planejamento energético da Universidade Federal do Rio de Janeiro, disse que coisas "óbvias" poderiam ser feitas para evitar esse tipo de colapso no sistema, como o treinamento de pessoal - "caso falha humana seja constatada" – e investimento. Para ele, além disso deve haver apuração melhor dessa freqüência relativamente alta de dois acidentes consecutivos em prazo curto.
"É preciso ter caixa, diminuir a contribuição ao superávit primário (o resultado entre o que o governo gasta e o que ganha) e fazer investimento. Não tenho dúvida de que na transmissão – e há um relatório do ONS mostrando isso - existem muitos gargalos. A soma deles acaba se tornando um grande problema, como tem se mostrado no Rio e no Espírito Santo. Quando falo de pequenos problemas que exigem manutenção, falo em investimentos que não chegariam a uma casa superior a R$ 100 milhões.
Pinguelli considerou um despropósito a garantia, por parte da ministra das Minas e Energia, Dilma Roussef, de que não haveria outro colapso de energia, após o primeiro apagão que ocorreu no dia 1º deste mês. "O correto foi o diretor de Furnas que explicou que tudo se faz para não acontecer blecaute, mas sempre pode haver um num sistema de transmissão", lembrou.
O professor discordou da atribuição de falha humana relativa ao primeiro apagão e disse que isso não deveria ter sido feito antes da conclusão de um relatório. "Pela descrição, a mensagem de que tinha caído a linha não estava disponível para o operador, que desligou Cachoeira Paulista. Por uma questão de congelamento do sistema de comunicação, o operador agiu com a informação de que dispunha. Logo, não foi uma falha humana. É claro que ele poderia deduzir por outras formas que poderia estar ocorrendo problema. Mas não era a rotina e ele fez a rotina. Logo, a falha humana exige maior esclarecimento. No meu ver, o que há é uma precariedade do sistema", considerou.
De acordo com relatório do ONS, o apagão do dia 7 de janeiro foi fruto de "descargas atmosféricas que teriam atingido, em curto período, dois circuitos, provocando o seu desligamento".