Setor de eletroeletrônicos superou várias crises para chegar a números de 2004, diz economista

10/01/2005 - 16h42

Arthur Braga
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - A indústria de eletroeletrônicos teve de superar várias crises externas ao setor como o "apagão" em 2001 e a recessão econômica em 2002, até o início da recuperação no segundo semestre de 2003, para chegar em 2004 com crescimento significativo nas vendas.

A observação foi feita pelo diretor executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, ao comentar o balanço do setor divulgado hoje pela Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros). Os números revelam crescimento médio de 20% nas vendas em relação ao ano passado.

Almeida destacou a importância da expansão do crédito, que favoreceu a aquisição de bens duráveis, como os eletroeletrônicos. Foram representativas as vendas de celulares, televisores, refrigeradores, aparelhos de DVD, entre outros. "Se a taxa de juros recuar no decorrer de 2005, será importante para o setor de eletroeletrônicos, que tem um dinamismo muito grande e poderá manter o crescimento nas vendas", afirmou.

Segundo o economista, a expectativa de crescimento para o setor é de cerca de 6% neste ano. Ele lembrou que ainda é grande a dependência do setor da importação de componentes eletroeletrônicos. "É uma dependência alta, que o setor carrega há muito tempo e que só será revertida por uma política industrial", completou.

Almeida disse que houve pouco avanço, apesar de o governo ter se empenhado em organizar uma política industrial. Para ele, o setor deve "deslanchar", já que a política industrial prevê a criação de condições para o desenvolvimento de componentes eletrônicos no país. "Isso poderá aliviar o Brasil a médio e longo prazos, na importação de componentes", disse.

Com o desenvolvimento dessa política o mercado interno será favorecido "porque esse é um setor de alta agregação de valor, ele emprega mão-de-obra qualificada, gera rendimentos expressivos para as empresas e gera impostos", concluiu.