Especial 13 - Brasil pode ser denunciado na OEA por violência contra rádios comunitárias

06/01/2005 - 11h54

André Deak
Repórter da Agência Brasil

Brasília – De acordo com o uruguaio Gustavo Gómez, diretor do programa de legislação e direito à comunicação da Associação Mundial de Rádios Comunitárias (Amarc), o Brasil pode ser denunciado à Organização dos Estados Americanos (OEA) por conta da violência de Estado praticada contra as rádios comunitárias. "De nossa oficina regional, estamos produzindo um relatório e pensamos em denunciar o Estado brasileiro. Poderemos solicitar uma audiência com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da qual o Brasil faz parte, já que assinou o Pacto da Costa Rica, e denunciar as privações contra a liberdade de expressão".

Gómez diz que receberam informações que não apenas mais rádios foram fechadas, mas que a violência aumentou. "A situação se agrava pela própria omissão do Estado brasileiro, já que muitas estão na ilegalidade não por vontade própria, mas porque o Estado impede, com burocracia, sua legalização, e assim empurra para ilegalidade. Exigimos que o Brasil reconheça esse direito (de liberdade de expressão)", diz.

O diretor ainda afirma que, "justamente por não se tratar de um delito, não é um crime de repressão". Ele cita, como exemplo de que a própria Justiça brasileira está dividida, casos de juízes federais brasileiros que não consideram crime o funcionamento de rádios comunitárias sem licença. "A Polícia Federal brasileira e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) têm uma interpretação das leis. Nós e muitos juízes brasileiros temos outra", termina.