Paulo Montoia
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O ano de 2005 para a indústria de transformação nasce num berço de otimismo. É o que revela a pesquisa trimestral Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, realizada há 38 anos pelo Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), divulgada em dezembro. A pesquisa foi realizada em outubro, antes de duas elevações da taxa de juros básica da economia, a Selic, e da queda mais recente das cotações do dólar diante do Real. Mas em entrevista à Agência Brasil, o economista Aloísio Campello, responsável pela pesquisa, afirma que o otimismo dos empresários do setor de transformação não mudaria em função disso.
"Eu acredito que pouca coisa teria se modificado", diz Campello, "porque os empresários estão acreditando que o país vai continuar crescendo no ano que vem. O ajuste que está sendo feito na política monetária é de sintonia fina. Ele difere de um ajuste motivado por choque, como aconteceu de setembro para outubro de 1998, por exemplo, quando a taxa de juros subiu de 20% para 40%".
Para Campello, enquanto a taxa de juros estiver abaixo dos 20%, os empresários já incorporaram seu impacto. Sobre a cotação do dólar, o economista espera uma redução a médio prazo. "Há uma expectativa de que o dólar nos próximos meses possa subir um pouco, à medida que o saldo comercial for baixando. Não há motivo para que a taxa de câmbio possa fica muito tempo valorizada em excesso".
A pesquisa do Ibre/FGV abrangeu 1.003 indústrias em 24 estados, com 967.434 empregados, responsáveis por um faturamento de vendas internas e exportações de R$ 360 bilhões ano, cerca de 24,7% do total do setor. As indústrias se mostram mais otimistas para 2005, nas expectativas para todos os seis temas pesquisados. Na maioria deles, a expectativa positiva cresceu nos dois primeiros anos do atual governo. São elas:
Faturamento - 83% das empresas esperam faturar mais no ano que vem. Esta expectativa era de 80% em outubro de 2003 para 2004. (Dado de 2002 não fornecido).
Negócios – Apenas 48% das empresas esperavam melhores negócios em outubro de 2002 para 2003; essa expectativa subiu para 48% no ano seguinte e alcança agora 67%.
Contratação de empregados – Em 2002, apenas 29% previam contratar mais mão-de-obra no ano seguinte. Essa intenção subiu para 35% para 2004 e chega agora a 47% para 2005.
Investimentos – A intenção de incremento era de 33%, subiu para 45% e alcança, para o ano que vem, 52% das empresas.
Exportações – A expectativa de melhoria passou de 64% no final de 2002 para o ano de 2003, caiu a 55% no final de 2003 e subiu para 63% das empresas em outubro último, em relação a 2005..
Importações – A expectativa de aumento das importações indica intenção de ampliar a produção. Ela subiu de 31% nas intenções para 2004 e alcançou agora 43% das empresas para 2005 (dado de 2002 não fornecido).