Arthur Braga
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus), Ademerval Garcia, disse hoje que o pedido dos produtores e processadores do suco de laranja da Flórida, nos Estados Unidos, junto ao governo norte-americano de aplicar uma sobretaxa ao produto brasileiro é mais uma tentativa de "inibir ainda mais" a compra pelo importador daquele país do suco nacional.
Ele ressaltou que os Estados Unidos já impõem uma taxa de US$ 418 por tonelada sobre o produto brasileiro "que é a maior taxa aplicada a um produto agrícola importado fora do regime de cotas". Segundo Garcia, essa posição dos produtores norte-americanos "não é uma surpresa" já que havia rumores sobre essa medida há cerca de quatro meses.
O presidente da Abecitrus lembra que a Flórida já foi o primeiro produtor mundial, mas sempre se limitou a atender o mercado interno diferente do Brasil, "que por não ter proteção e por não ter um mercado interno vigoroso acabou se expandindo pelo mundo". Garcia informou que o Brasil, maior produtor mundial de laranja, atualmente produz 80% do suco que é consumido no mundo.
O volume de exportação para os Estados Unidos é de cerca de 15%. De janeiro a novembro deste ano, foram exportados para a Área de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), segundo dados da Abecitrus, 138.893 toneladas. Os maiores compradores estão na Europa e em menor escala países da Ásia e Mercosul.
A petição dos produtores norte-americanos será avaliada pelo Departamento de Comércio daquele país e, segundo Garcia, as empresas brasileiras mencionadas no processo "terão amplo espaço para a defesa". Entre as empresas citadas na petição, que segundo os norte-americanos estão vendendo o produto a preços abaixo do custo, estão a Citrosuco e Cutrale.
Garcia disse que ainda não recebeu uma cópia da petição com os argumentos dos americanos, mas entende que não se justifica essa ação dos produtores. A defesa no processo será feita pela própria empresa, mas com o apoio da Abecitrus.
O presidente da Abecitrus disse que se sentiu "frustrado" ao tomar conhecimento da decisão dos norte-americanos, já que a possibilidade da criação de uma agenda comum entre os dois países para desenvolver tecnologia, ampliar mercado e o estudo de combate às pragas, por exemplo, ficou comprometida. "Não vamos falar em cooperação com quem está tomando uma medida contra os produtores brasileiros", declarou.
A expectativa de exportação esse ano deve ser de 1,3 milhão de toneladas, informou. O estado de São Paulo é o maior produtor de suco de laranja no mundo. São 320 municípios paulistas e 13 de Minas Gerais que vivem basicamente da produção da fruta. Nos dois estados cerca de 400 mil pessoas trabalham no setor.