Unesco quer criar soluções para violência nas escolas

25/12/2004 - 14h01

Brasília, 25/12/2004 (Agência Brasil - ABr) - A Unesco quer aprofundar o conhecimento sobre a violência nas escolas, visando a estabelecer discussões que possam criar soluções para o problema. Uma pesquisa realizada no ano passado revelou que 83% dos alunos reconhecem que há casos de violência nas instituições de ensino brasileiras.

A entidade realizou na semana passada o seminário Rede Ibero-americana de Observações de Violência nas Escolas, em que foram reunidas propostas e prioridades para um trabalho de pesquisa e de ação destinado a superar a violência nos estabelecimentos de ensino.

Em entrevista ao programa NBR Manhã, canal a cabo da Radiobras, a pesquisadora da Unesco Marta Avancini opinou que o problema é mais institucional do que caso de polícia . Para ela é preciso criar não só mecanismos para aproximar as pessoas, ocasionando situações em que elas possam conviver hamonicamente, como delineado no programa Abrindo Espaços, criado pela Unesco em 2000.

Essa iniciativa, segundo Marta Avancini, virou política pública com a idéia de abrir as escolas, como eixo do programa, encampado pelo Ministério da Educação com o nome Escola Aberta.
A abertura de espaço para que as pessoas possam desenvolver atividades de lazer gera uma melhoria nos relacionamentos e tem conseqüências sobre a redução da violência, segundo a pesquisadora da Unesco.

Marta chama atenção para o fato de que vem crescendo a deterioração de relacionamento entre alunos, professores e diretores, como agressão verbal, xingamentos, gritos e isso está sendo tratado como algo natural, sem falar em ocorrências de maior conseqüência como agressões físicas.

Marta Avancini lembra problemas sérios vividos pelas escolas, com a presença de gangues que atuam ao redor desses estabelecimentos, invasões e a presença de pessoas que entram e saem armadas desses locais, coisas que resultam em conseqüências sérias para a qualidade do ensino e do aprendizado.

A entrevistada comentou experiências internacionais, realizadas inclusive em Nova York mostrando que o fato de ter polícia na escola, além de não reduzir necessariamente as ocorrências de crimes e de delitos, acaba reforçando o quadro de distanciamento entre os alunos e os adultos nesses recintos.