Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Num esforço para impulsionar os investimentos em infra-estrutura no país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu hoje cinco ministros para discutir a construção da ferrovia Transnordestina e o incremento do sistema ferroviário no país. Segundo o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, para a Transnordestina sair do papel, faltam apenas alguns acertos sobre os recursos necessários para sua construção, estimada em R$ 4,5 bilhões.
"O projeto de engenharia já está concebido, tem grande rentabilidade e tem o efeito estruturante histórico para o Nordeste e o Semi-Árido. O arranjo financeiro nós estamos mexendo com todas as ferramentas que podemos, desde opções de capitalização pelos próprios concessionários - uma parte - a outra parte por outros sócios, que podem ser sócios privados ou fundos de pensão, e arranjos de crédito, debêntures e opções de Finor, que é o Fundo de Desenvolvimento do Nordeste para compor o conjunto do capital", disse o ministro.
A construção da Transnordestina foi autorizada pelo governo federal em 1990, mas, em 1992, as obras foram paralisadas por falta de recursos. A ferrovia integra os nove estados do Nordeste, do Maranhão à Bahia, e tem como principal objetivo interligar os pólos de produção agrícola, mineral e industrial da região. A previsão do ministro Ciro Gomes é que, em três anos, as obras possam ser concluídas. "Está tudo pronto. Se fechar o arranjo financeiro, que é o que está dando problema, porque tem uma interatividade importante com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que recentemente trocou de direção, mas, superado isso, ou sai, ou não sai", garantiu.
No total, 51% dos recursos para a obra serão do setor privado. A previsão do governo federal é que o BNDES participe com R$ 1 bilhão, enquanto os fundos de pensão, investidores chineses e o Finor disponibilizem o restante. "O BNDES entra tanto como optante do Finor, quanto como crédito. E estava tudo acertado lá na administração Lessa. Mas, com a saída do Lessa e a chegada do Mantega, está sendo questionado esse arranjo, e nós estamos discutindo isso", afirmou Ciro Gomes.
Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo precisa viabilizar a construção da ferroria. Durante cerimônia de inauguração do pólo de poliéster do Nordeste, o presidente disse que a Transnordestina será essencial, inclusive, para escoar a produção no novo complexo industrial da região. "Eu ouço falar naquela ferrovia há muitos e muitos anos, e é preciso preparar, até porque vai ser preciso transportar os produtos que você vai fabricar lá", disse.