Segundo Tempo muda rotina de estudante no sertão pernambucano

21/12/2004 - 14h56

Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil

Jatobá (PE) - Três vezes por semana, Keyla Costa, de 14 anos, acorda cedo. Antes das sete horas da manhã já está de pé e cheia de energia para participar do Programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte, em uma escola pública de Jatobá, no sertão pernambucano. Há um ano, quando entrou no programa, sua rotina mudou. "Antes eu acordava sempre tarde, ia bagunçar na rua, jogar bola, ia para o rio. Não tinha o que fazer. Também dormia tarde, assistindo filmes. Agora, tenho que acordar cedo para ir para o Segundo Tempo", disse, após participar de lançamento do programa em sua cidade.

O ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, assinou hoje em Jatobá acordo de cooperação com a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) para implantação do Programa em 25 municípios localizados em área de risco social do sertão nordestino. Algumas cidades fazem parte do "polígono da maconha", região com altos índices de violência. Segundo o diretor da Chesf, João Bosco, a idéia é atender a pelo menos 50 mil crianças nessas localidades.

Bosco disse que a estatal vai oferecer a sua estrutura para o programa e estimular a criação do Segundo Tempo: "Queremos estar próximos às comunidades que são afetadas pela Chesf. Nosso papel é apoiar os ministérios nos programas que eles fazem por aqui".

O Programa Segundo Tempo foi criado em janeiro de 2003 e possibilita o acesso à prática esportiva aos alunos matriculados na rede oficial de ensino fundamental e médio. Pelo programa, os alunos têm a oportunidade de, no turno inverso ao da aula regular, praticar esporte, além de ter acesso a alimentação, uniforme e material esportivo e em alguns casos, a reforço escolar. Desde a sua criação, já foram atendidos 800 mil jovens carentes em 650 municípios e, de acordo com o ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, a meta é chegar até o final do ano com um milhão de estudantes.

O ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, entende que a prática do esporte pode promover inclusão social de forma eficiente, barata e atrativa. Para cada criança é repassado, por mês, cerca de R$ 25,00. "Você ocupa o tempo livre com algo saudável que ajuda o desenvolvimento na escola no outro turno e ajuda a parte da saúde, desenvolvimento físico e intelectual da juventude, tirando da rua, de outras atividades que são indesejáveis", ressaltou. "O esporte é uma ferramenta maravilhosa para ocupar o tempo livre".

Para o ministro, parcerias como a feita com a Chesf, são importantes para garantir a expansão do programa. "A essência do projeto são as parcerias. Estamos formando uma rede de proteção das crianças e dos nossos adolescentes com um custo quase insignificante em vista do benefício".