Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil
Pesqueira (PE) - Pernambuco ganhou hoje a primeira fábrica do Pintando a Liberdade, programa de ressocialização de presos do Ministério do Esporte. A primeira unidade de produção do programa foi inaugurada pelo ministro Agnelo Queiroz em um presídio da cidade de Pesqueira, no interior do estado. O governo federal investiu aproximadamente R$ 600 mil para equipar o presídio, de forma a gerar emprego e renda para até 380 detentos.
No local, serão produzidas semestralmente cerca de 60 mil bolas. Os presos que participarem do programa receberão R$ 240,00. Parte do dinheiro será destinada à família do detento. Além disso, para cada três dias trabalhados, a pena será reduzida em um dia.
O Programa Pintando a Liberdade foi criado em 1997. Nos dois últimos anos, foram instaladas 50 unidades de produção nos presídios brasileiros, totalizando 67 em todo país. Já foram beneficiados pelo programa 12.700 detentos, que produziram 900 mil bolas. A meta é alcançar a produção de 1 milhão de bolas até o final deste ano.
O ministro Agnelo Queiroz explicou que o material é destinado a programas sociais do governo. "Quanto mais material, mais criança carente vai ter acesso", disse Agnelo. Ele considera importante o programa para garantir uma renda ao detento, que ficava ocioso em um presídio.
Ricardo Silva Miguel, detento do presídio de Pesqueira, disse que está gostando de fazer parte do programa. "É bom trabalhar. Mente vazia é um perigo", disse Ricardo, que tem 24 anos e cumpre pena de 22 anos por latrocínio. Ricardo tem um filho de sete anos fora do presídio e disse que, com o trabalho, está conseguindo ajudar na criação dele.
Joselino Valério da Silva, de 41 anos, também considera bom o trabalho. "É um privilégio participar deste programa", afirmou Joselino, que está há nove meses preso, cumprindo pena de três anos e meio por tráfico de drogas. Qualquer preso pode participar do programa, mas os critérios de seleção são definidos pela administração do presídio.
De acordo com o Ministério do Esporte, o Programa Pintando a Liberdade, além de melhorar a auto-estima dos presos, ajuda a reduzir a violência e a reincidência carcerária. De acordo com o Fundo Penitenciário do Paraná e do Distrito Federal, o índice de reincidência carcerária nas penitenciárias atendidas é de cerca de 30%, quando nas outras instituições é de 60 a 90%.