Mercado internacional desfavorável a commodities preocupa Furlan

20/12/2004 - 16h09

Rio, 20//12/2004 (Agência Brasil - ABr) - A conjuntura internacional menos favorável a produtos "commoditizados", principalmente agrícolas, que tiveram um pico de preço na virada do ano passado até meados deste ano e agora voltaram ao normal, constitui um dos desafios para o comércio exterior brasileiro em 2005. A avaliação foi feita hoje na Associação Comercial do Rio de Janeiro pelo Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan.

Commodities são mercadorias em estado bruto ou produtos primários comercializados internacionalmente, como café, algodão , minério de ferro e cobre. A estimativa é de que mesmo com a safra prevista de 130 milhões de toneladas, as exportações brasileiras em valor deverão ficar mais ou menos estáveis em comparação a 2004, havendo acréscimo de volume que compensaria a redução do preço em relação ao atual exercício, explicou o ministro.

Outra dúvida se refere à cotação do dólar, disse Furlan. Ele lembrou que vários setores estão revendo seus planos de exportação, uma vez que perderam rentabilidade na relação entre custos e receita cambial. O ministro garantiu que "o comportamento da taxa de câmbio pode determinar um crescimento menor das exportações em 2005. Os embarques ao exterior continuarão crescendo mas não no ritmo de 20% observado em 2003 nem no ritmo de 30% registrado em 2004".

Segundo Furlan, a essa perspectiva se adiciona outro problema, que é a questão da infra-estrutura. "Sem a eliminação dos gargalos na área de logística, portos e aeroportos, nós não vamos poder sustentar o crescimento da economia e nem, principalmente, do comércio exterior". O ministro recordou medidas já tomadas pelo governo para redução de gargalos nos 11 principais portos nacionais, que representam cerca de 90% do transporte marítimo do país, além de investimentos nos setores rodoviário e ferroviário, melhorando a capacidade de transporte e reduzindo custos.

Luiz Fernando Furlan chamou a atenção ainda para o fato de que a relação entre o comércio exterior e o PIB é determinante para a avaliação de risco de um país. "Nós estamos caminhando para que essa relação salte de um patamar histórico entre 15% a 20% do PIB para um número próximo de 30% do PIB".

O ministro disse ainda que, este ano, a corrente de comércio brasileira deverá ultrapassar US$156 bilhões. Isso relacionado a um PIB de mais de US$ 500 bilhões sinaliza que já estamos nos aproximando de um número entre 28% e 30%. O ministro do Desenvolvimento afirmou que isso dará condições ao Brasil, "tendo um menor risco, de poder ter menor taxa de juro internacional, com expectativa também de menores taxas de juros denominadas em reais".