Nelson Motta e Aloisio Milani
repórteres da Agência Brasil
Brasília - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, embarcou neste domingo (19) para o Haiti, onde manterá encontros com autoridades do governo de transição daquele país e lideranças da oposição.
Amorim também assina dois acordos de cooperção na área de agricultura para repassar conhecimentos no plantio de caju e mandioca. Na terça-feira (21), o ministro viaja para o Suriname.
Na semana passada, o Brasil completou seis meses de atuação na força de paz da ONU para estabilização da crise no Haiti com o saldo de ser o maior colaborador da missão autorizada pelo Conselho de Segurança. Os 1.200 soldados do país que estão no Haiti desde junho formam o maior contingente brasileiro enviado ao exterior desde a 2ª Guerra Mundial.
Durante esta primeira etapa da atuação, a missão da ONU precisava consolidar um efetivo que substituísse a Força Multilateral Interina (MIF), formada por Estados Unidos, Canadá, França e Chile, e que se mantinha no país desde a queda do presidente Jean Bertrand Aristide em fevereiro.
A tropa brasileira enfrentou, no início da missão, um quadro incompleto de militares previstos pela ONU, o que dificultava a atuação nas áreas mais críticas do país. Gangues, rebeldes e grupos armados favoráveis ao retorno de Aristide mantinham conflitos permanentes com civis e com a Polícia Nacional do Haiti.
O efetivo da polícia civil internacional só começou a chegar a partir de setembro. Também não havia infra-estrutura para estabelecer uma base ao maior contingente ligado à ONU. Por três vezes, os brasileiros mudaram a sede de sua brigada até chegar ao atual prédio da universidade pública, no bairro de Tabarre. Pela insuficiência de soldados, chegaram a ocupar, ao mesmo tempo, seis diferentes lugares na capital Porto Príncipe para buscar a estabilização dos conflitos.
Não houve, durante esse período, nenhuma morte na tropa brasileira, nem a perda de controle em nenhuma operação liderada pelo país. Os soldados atualmente acompanham duas áreas de maior tensão na capital: o Palácio Nacional, sede do governo provisório, e a favela de Cité Soleil, que passa ao comando da tropa da Jordânia após a operação militar desta semana (leia também Tropas da ONU iniciam ocupação de áreas violentas no Haiti, em nova fase da Missão de Paz).
A organização das eleições deve ser o maior desafio para os próximos meses. Não há uma lista confiável de eleitores, metade da população não tem carteira de identidade e além da maioria ser também analfabeta. A Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA) vão liberar recursos para estruturar o pleito geral, previsto para o final de 2005 e que deve eleger novos políticos para todos os cargos do Executivo e Legislativo.