Estado do Rio estimula criação de ovinos e caprinos

18/12/2004 - 8h26

Rio, 18/12/2004 (Agência Brasil - ABr) - A Delegacia Regional do Ministério da Agricultura no Rio de Janeiro está estimulando a ovinocaprinocultura no estado, que é o único do país a industrializar o leite de cabra. A informação foi dada pelo coordenador das Ações para Desenvolvimento da Caprino-Ovinocultura da Delegacia Regional do Ministério, Artur Saraiva.

Segundo ele, a Associação de Ovinocaprinocultores do Noroeste Fluminense, que foi fundada quinta-feira em Itaperuna, insere-se na prioridade determinada pelo Ministério da Agricultura para o aumento da produção dos dois rebanhos no estado do Rio. A iniciativa tem apoio do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae-RJ). Em nível nacional, esse esforço é liderado pela Secretaria de Ação de Desenvolvimento Rural e Cooperativismo.

Artur Saraiva disse que a ovinocaprinocultura tem características próprias no estado do Rio. No caso dos caprinos, por exemplo, apesar de 90% do rebanho brasileiro estar concentrado no Nordeste, o Rio é o único estado que industrializa leite e laticínios de origem caprina no país, com distribuição nacional, no distrito de Nova Friburgo e municípios vizinhos. "A função zootécnica principal da espécie caprina, por tradição, é a produção leiteira", observou o técnico da Delegacia do Ministério da Agricultura.

Atualmente, o rebanho brasileiro de caprinos tem 12 milhões de cabeças, das quais 30 mil no Rio de Janeiro, o que mostra o potencial de alavancagem da criação no estado. "Em expressão numérica, o Nordeste tem 90% do rebanho, mas, em qualidade e especificidade produtiva, o Rio é forte no ranking", afirmou Saraiva. "O Rio desponta como uma liderança porque é o único Estado que realiza a indústria do leite", ressaltou.

Quanto aos ovinos, principalmente da espécie deslanada (sem lã), da raça Santa Inês, a criação está despontando no estado do Rio, sobretudo nas regiões norte e noroeste, em decorrência de uma certa fuga da bovinocultura para a criação de ovelhas, de menor custo. Em termos de manejo, as duas criações são similares, esclareceu Saraiva. Os ovinos se adaptam bem a regiões de pasto anteriormente exploradas pelo gado bovino.

O rebanho nacional gira em torno de 14 milhões de cabeças, sendo 30 mil no Rio de Janeiro. A tendência, de acordo com Saraiva, é deslanchar a ovinocultura de corte, da raça Santa Inês, em todo o país. "Podemos dizer que é a bola da vez, tanto no Nordeste e no Centro-Oeste quanto no Sudoeste. E aqui no Rio de Janeiro, tem crescido de forma abrupta", acrescentou o técnico. Está havendo uma grande injeção de capital nesse segmento, disse ele.

Para Saraiva, uma das vantagens da criação de ovinos e caprinos é o fato de serem animais com pouca exigência de espaço físico de pastagem: o lugar onde se colocaria um bovino adulto pode receber até nove ovinos. Além disso, o intervalo entre partos é menor do que nos bovinos, que passam nove meses em gestação e, depois que nascem os bezerros, gastam cerca de 2,5 anos para se tornarem produtivos. No ovino e no caprino, a gestação é de cinco meses e do oitavo ao décimo mês, o animal já começa a produzir. Ou seja, a prolificidade é maior, garantiu Artur Saraiva, o que significa que, em curto espaço de tempo, o rebanho é multiplicado.

Outro ponto positivo é o custo reduzido em comparação com o de bovinos, devido à prolificidade e à menor exigibilidade de espaço. Também o custo de matrizes e de reprodutores é inferior ao dos bovinos, disse Saraiva. A ovinocaprinocultura tem ainda grande função social, incentivando o cooperativismo, o associativismo e a pequena e média produção, enfoques principais do governo. Além disso, tanto no mercado interno quanto no externo, há uma demanda insatisfeita, o que gera possibilidades de incremento da atividade para suprimento desses mercados.