Fusões e aquisições aumentam 15% e crescimento econômico é explicação de analista

17/12/2004 - 15h15

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - É de 385 o número de fusões e aquisições efetuadas no Brasil em 2004, com crescimento de 15% em relação ao ano passado, sendo 35% de aumento registrados somente no 2º semestre. Os dados constam de relatório divulgado pela empresa de consultoria internacional Pricewaterhouse Coopers.

O Coordenador da Área de Finanças Corporativas da Price, Raul Beer, atribuiu esse movimento ascendente aos sinais de retomada do crescimento econômico que desarmaram o receio registrado até 2003 com relação à estabilidade e à direção que a economia brasileira ia tomar. Segundo Beer, o movimento positivo dos agentes econômicos começou a surgir nos primeiros meses do ano e se materializou nas estatísticas a partir do 2º semestre.

O crescimento das aquisições por investidores estrangeiros alcançou 42%, com preferência pela aquisição do controle, revelando intenção de consolidação dos grupos no país por um prazo mais longo. Foram feitos durante este ano 118 negócios por estrangeiros, contra 83 no ano passado. Os investidores nacionais lideraram com 157 transações de aquisições de controle e compras de participações minoritárias.

Raul Beer afirmaque o comportamento dos investidores internacionais deverá se manter em ascenção em 2005, com maior intensidade no 1º semestre, podendo atingir 50% no final do exercício. Ele não acredita, contudo, que haverá espaço para que o nível de aumento retorne ao patamar de 70% verificado em 1998/99, que não considera normal dentro da economia.

O crescimento da presença do capital estrangeiro no volume de transações feitas no Brasil é um sinal positivo e demonstra que o país oferece para os investidores menos riscos. Segundo avaliou o especialista da Price, o Brasil "está voltando a ser um país extremamente atrativo para o investimento estrangeiro porque o medo que houve no período pré-eleitoral e eleitoral é coisa do passado e, consequentemente, a tendência é de que esses investimentos estrangeiros continuem. E isso é positivo".

O relatório da Price revela ainda que 38 dos 385 negócios de fusões e aquisições efetuados no Brasil em 2004 tiveram valor acima de U$100 milhões, contra 22 transações em 2003. Para 2005, o cenário previsto é de manutenção do movimento observado no 2º semestre de 2004. Isso significa que no 1º semestre de 2005 ainda haverá um incremento forte de fusões e aquisições, acima de 30%, até porque a base de 2004 era pequena. No 2º semestre do próximo ano, os níveis de elevação dos negócios devem ser mais modestos porque a base de comparação já é alta, explicou Raul Beer.

A viabilização das expectativas está vinculada à continuidade do processo de crescimento econômico. Raul Beer assegurou que "não tem nenhum sinal de que esse crescimento venha a ser cortado de uma forma significativa. Eu acho que se por acaso o crescimento cair para 3,5%, isso não vai inibir ninguém. O que não pode é haver uma descontinuidade muito grande". Segundo analisou o especialista da Price, variações pequenas em torno do que ocorreu em 2004 – "que é o esperado para o ano que vem" - são compatíveis com o cenário traçado.