Rio, 16/12/2004 (Agência Brasil - ABr) - Cerca de 4 milhões de adultos brasileiros são considerados desnutridos. Mas eles representam apenas 4% da população, taxa considerada aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Os padrões internacionais estabelecidos consideram como baixa exposição à desnutrição entre 5% e 10% da população com déficit de peso; moderada entre 10% e 20%; alta, entre 20% e 30%; e muito alta, acima de 30%, como é o caso da Etiópia (40%) e da índia (50%). A segunda etapa da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003 (POF), divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que este contingente da população que não tem acesso a alimentos está restrito à região rural do Nordeste.
"Nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, praticamente não há pessoas magras pela falta de alimento, enquanto no semi-árido nordestino há evidências de que uma parte da população adulta passa fome. Por isso, é nessa região que o governo tem que focalizar os programas contra a fome", acrescentou o professor-chefe do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), Carlos Augusto Monteiro.
Ele explicou que a pesquisa do IBGE se baseia no acesso que as pessoas têm aos alimentos, seja pela compra, troca ou doação, e não apenas pela renda, como a maioria das estatísticas que detectam que o Brasil tem cerca de 30 milhões de pobres. Desta forma, Monteiro acredita que as próximas pesquisas do IBGE já não vão mais identificar o problema.
O estudo mostra, que nas grandes cidades, o déficit de peso atinge mulheres com até 35 anos de idade, devido ao efeito de dietas, e homens com mais de 74 anos, que tendem a emagrecer por causa de doenças ou pela própria constituição física.