Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O presidente da Câmara, deputado João Paulo Cunha (PT-SP), considera muito difícil a antecipação do reajuste do salário mínimo para janeiro de 2005, estabelecendo o valor em R$ 290. "Acho muito difícil, senão o presidente Lula não anunciaria R$ 300 em maio. Se é possível colocar R$ 290 em janeiro, por que ele anunciou R$ 300 em maio?", questionou. "O custo seria muito alto ao antecipar para janeiro. Por isso é que o acordo com a centrais sindicais foi de colocar em maio".
Antecipar o reajuste do salário mínimo para janeiro, de acordo com João Paulo, não foi o que o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, informou aos deputados. "Alguém está querendo ser mais realista do que o rei em querer dar um aumento maior para o salário mínimo", ironizou. João Paulo reuniu-se nesta quinta-feira (16) com os líderes de todos os partidos da Câmara em sua residência para fazer um balanço da ano legislativo.
Para o líder do PFL, deputado José Carlos Aleluia (BA), reajustar o mínimo para R$ 300 em maio é basicamente o que se pretendia para 2004. Ele disse que seu partido defende um salário mínimo de R$ 330 e para isso, "estamos buscando as fontes de recursos no orçamento para não fazer proposta sem os recursos necessários". Segundo ele, a antecipação do reajuste para janeiro é uma boa coisa, mas o valor apresentado de R$ 290 "é que não é bom".
O líder do governo, deputado Professor Luizinho (PT-SP), disse que a bancada governista na Câmara entende que o reajuste do mínimo deve ser como o governo anunciou. "A antecipação do reajuste para janeiro com o valor de R$ 290 é com o pessoal do Senado. Na Câmara me parece que o pessoal entende que a reivindicação do reajuste do mínimo e da tabela do Imposto de Renda foi aceita", disse. Segundo o líder, o governo está dando ao salário mínimo um reajuste histórico, "mais do que o dobro da inflação do período".
Mesmo reconhecendo que o governo está fazendo um grande esforço para aumentar o mínimo, o líder do PL, deputado Sandro Mabel (GO), disse que o valor do mínimo nunca será suficiente para atender as necessidades da população. Na sua opinião, a Câmara daria todo apoio para discutir a antecipação do reajuste para janeiro. "Para colocar o Brasil para andar é preciso primeiro fazer a recuperação do salário mínimo", observou.