Benedito Mendonça
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - O crescimento econômico em 2005 será expressivo, porém menor que em 2004. As projeções estão no relatório Informe Conjuntural – Economia Brasileira: Desempenho e Perspectivas, divulgado hoje pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto. O documento projeta crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 3,7% no próximo ano, contra os 5% estimados para 2004.
Na visão do presidente da CNI, entretanto, para que o país promova o crescimento sustentado, "é indispensável reativar o investimento privado, o que exige ampla oferta de recursos financeiros a custos compatíveis com a rentabilidade dos projetos e os parâmetros internacionais".
O saldo do comércio exterior ficará menor, "mas ainda assim robusto", segundo Monteiro Neto, na casa de US$ 28,5 bilhões, com as exportações superando os US$ 100 bilhões. O crescimento das exportações será menor no próximo ano e as importações devem atingir US$ 71,7 bilhões.
Em relação a 2004, Monteiro Neto disse que apesar dos obstáculos que o país ainda enfrenta e da extensa agenda de reformas a empreender, é indiscutível que houve avanços. "2004 registrou efetivamente desempenho geral superior a 2003, há um ambiente de maior confiança para os negócios e é preciso aproveitá-lo para continuar avançando sem nos acomodarmos", disse ele.
De acordo com o Informe, a reativação do investimento privado é o grande destaque de 2004 e os principais fatores para isso incluem a formação bruta de capital fixo que deve expandir-se
12,8% neste ano, revertendo a queda de quase 10% no biênio 2002/2003; a redução dos juros em 2003, o fortalecimento da demanda doméstica e a confiança dos empresários quanto à
evolução da economia.
Por outro lado, Monteiro Neto voltou a criticar a elevação da taxa básica de juros em 2004, que é para ele, um problema histórico. "Não se discute a estabilidade, mas ela não pode nos tornar reféns de uma política excessivamente monetarista", afirmou ele, evidenciando que é preciso também "avançar em questões estruturais, com o redimensionamento dos gastos do Estado e o aumento de sua eficiência e produtividade".
O presidente da CNI também criticou a lentidão com que a reforma tributária tramita no Congresso. Para ele, a reforma atravessa os anos "como uma questão desafiadora para a nação, mas a mudança do sistema não se opera nunca". Para Monteiro Neto, o regime tributário vigente é disfuncional para a produção e tem nítido viés anticrescimento. "A carga tributária ultrapassou o limite do suportável, chegando a mais de 35% do PIB", criticou, alertando para que a reforma tributária seja prioridade em 2005. "Avançar exige diálogo e comprometimento com o objetivo maior que é o de garantir o crescimento sustentado", afirmou.