José Dirceu diz não se conformar com previsão do Ipea para crescimento em 2005

13/12/2004 - 18h03

Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil

Rio - O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, disse hoje que o governo tem esperança e otimismo com relação ao Brasil para os próximos anos e não perderá a oportunidade que se apresenta no momento. "Não vamos deixá-la fugir de nossas mãos. Precisamos ter serenidade e persistência ao que fizemos até agora. Não podemos nem cometer aventuras, mas precisamos de audácia", afirmou.

Dirceu disse não se conformar com a previsão de crescimento para o ano que vem feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) de 3,8 %. " Vou trabalhar dia e noite para que o número de 3,8 que o Ipea projetou para 2005 não seja realidade. Seja pelo menos 1% a mais que esse número. Não me conformo com esse número", disse.

Para o ministro, ao analisar a história do país, verifica-se que as grandes arrancadas para o desenvolvimento aconteceram depois que foram tomadas decisões políticas. Ele afastou qualquer possibilidade do país se apoiar no aumento da carga tributária e do endividamento interno ou externo. "O país tem que ser capaz. Nós temos que ter competência, pactuar no Brasil que o crescimento para ser sustentado não pode se apoiar nem na emissão de moeda, nem no endividamento interno e externo e nem no aumento da carga tributária", explicou.

Dirceu admitiu que ocasionalmente ocorrem divergências com relação às medidas tomadas pelo governo, mas ponderou que elas são decididas depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está seguro da sua eficácia. "É duro, dói, a gente às vezes se desentende por causa disso, por causa do ritmo, da velocidade, dos instrumentos, mas não podemos jogar o país numa outra aventura. Quanto a isso, nós temos um presidente que, pela própria vida dele, de quem trabalhou 17 anos num torno mecânico, 12 horas por dia, quando dá um passo, dá um passo seguro, não faz aventuras, mas ao mesmo tempo tem audácia para saber que o Brasil pode e vai se desenvolver nos próximos anos", garantiu.

O ministro disse ainda que é preciso ter a participação da sociedade para promover o crescimento do país. " Temos que envolver toda a sociedade brasileira num mutirão", defendeu.
Segundo o chefe da Casa Civil,o econômico tem que caminhar junto com o social. " Não se pode pensar em um Brasil para os próximos 25 anos sem que o desenvolvimento econômico signifique ao mesmo tempo desenvolvimento social do país. O governo ao mesmo tempo em que tem que fazer medidas duras e exigir sacrifícios do país para a estabilidade econômica, ele tem que também, exigir daqueles que têm mais no país sacrifícios e tomar medidas para que haja desenvolvimento social no país."

"Até porque é condição para o Brasil se desenvolver uma distribuição de renda. Para nós, é condição do Brasil se transformar num país desenvolvido e crescer nos próximos 5 ou 10 anos que haja distribuição de renda um crescimento também do mercado interno e o investimento em educação e social, em geral, seja crescente no país", concluiu.

Dirceu participou no Rio, do seminário " Cenários 2005: Perspectivas e Tendências", promovido pela Federação do Comércio do Rio de Janeiro, Jornal do Brasil, Gazenta Mercantil e Revista Forbes.