Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Para a coordenadora da Pastoral da Criança e Pastoral da Pessoa Idosa, Zilda Arns, a mensagem que se deixa no Dia Internacional da Criança no Rádio e na TV é a da necessidade de os meios de comunicação ouvirem as crianças. "Os meios de comunicação devem ouvir o que as crianças têm a dizer para melhorar a família, a comunidade e o mundo", disse. A coordenadora da Pastoral da Criança pediu ainda às crianças que vivem em condições econômicas mais favoráveis que pensem nas crianças pobres. "Muitas não têm condições mínimas de vida. Não têm onde brincar".
A mensagem foi dada hoje em entrevista ao programa "Os Radionautas", da Rádio Nacional de Brasília, no dia em que se comemora o Dia Internacional da Criança no Rádio e na TV. Fundada em 1973, a Pastoral da Criança atua em 137 mil comunidades carentes, que vivem nos bolsões de miséria do Brasil. A entidade é uma organização não-governamental ligada à Igreja Católica e conta com o trabalho de mais de 240 mil voluntários. As principais atividades são o Dia do Peso, aulas periódicas sobre como cuidar bem dos filhos e reuniões mensais de avaliação.
Zilda Arns convocou as pessoas a se apresentarem como voluntários para trabalharem na Pastoral da Criança, independente de religião ou partido político. "Formamos redes de solidariedade humana, nas comunidades. O Dia do Peso, por exemplo, não é só para pesar as crianças, mas também, principalmente, para ensinar mais e fortalecer laços de amizade entre as famílias e as lideranças comunitárias. Por isso, precisamos de gente. Quem quiser participar da Pastoral da Criança poderá participar, independente de religião, partido político, cor, raça. Porque nós trabalhamos com todos", explicou.
O índice de mortes de crianças menores de um ano, em cada grupo de mil nascidos vivos, diminuiu nos últimos 15 anos. Em 1989, esse número era de 52,02 crianças. Nove anos depois, em 1998, a taxa de mortalidade infantil no Brasil despencaria para 33,1 crianças. Zilda Arns atribui o fato ao trabalho da pastoral e à descentralização do Sistema Único de Saúde (SUS). "Nós conseguimos aqui no Brasil e estamos conseguindo também nos outros países, nas comunidades onde nós implantamos a pastoral. O Brasil saiu na vanguarda, é o país que mais diminuiu a mortalidade infantil nos últimos 15 anos", disse.
Chamado pelos voluntários da pastoral de dia da celebração da vida, o Dia do Peso, conforme explicou Zilda Arns, é quando se repassam noções sobre alimentação e cuidados com as crianças. Nas aulas com as famílias, os voluntários usam como material educativo o Guia do Líder, uma obra com conceitos sobre desenvolvimento físico, espiritual e psicológico da criança. Traduzida para mais de quatro línguas, a cartilha foi distribuída em países para onde o projeto da pastoral foi exportado, como Angola, Guiné Bissau e outros na América Latina e Central. Segundo Zilda Arns, a pastoral salva pelo menos cinco mil crianças da morte a cada ano e recupera mais de 150 mil crianças da desnutrição. A diarréia e a desnutrição são as principais causas das mortes entre os bebês, até um ano de idade.
Zilda Arns convocou o poder público a pensar mais nas crianças, em seus programas de gestão, para que se evitem problemas futuros. "Eu pediria aos prefeitos, às autoridades que, pelo amor de Deus, cuidem das crianças e dos adolescentes, porque compensa muito mais do que depois correr atrás de meninos de rua, da prostituição, de menores infratores, cuidar de prisões. Essas crianças vão ser adultas e se na infância estão na marginalidade, vão entrar mais na marginalidade quando adultas. Quando se cuida da criança e do adolescente, está se evitando tudo isso", disse a coordenadora.
A coordenadora lembrou que a pastoral atua hoje em quatro continentes, em parceria com instituições e outras religiões. "Em toda parte está dando certo. Quem quiser, pode se apresentar à paróquia mais próxima e se lá não tiver pastoral, apresente-se à Diocese", ensinou.