Liésio Pereira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Os ricos demonstram maior interesse na participação política do que os pobres, conforme pesquisa divulgada esta semana na Assembléia Legislativa de São Paulo. Do total de pesquisados, 78,2% dos que têm nível sócio-econômico alto responderam que votariam - com certeza ou provavelmente - nas próximas eleições, contra 33% dos que têm nível mais baixo.
O cientista político Humberto Dantas, conselheiro do Movimento Voto Consciente, citou um estudo seu, feito na Universidade de São Paulo em parceria com o cientista político José Paulo Júnior, para explicar esta realidade. "As classes mais favorecidas se interessam mais porque, de uma certa forma, têm um nível de educação maior. Talvez se as classes mais baixas tivessem o acesso e a oportunidade que nós temos, de ter acesso a uma educação de melhor qualidade, muito provavelmente esses níveis iriam se equilibrar. Depois disso, acho que existe uma grande chance de diminuirmos o peso e o tamanho da desigualdade econômica neste país, via participação das pessoas em movimentos organizados", afirmou.
Os dados foram apurados junto com a pesquisa para a composição do Índice de Participação Social, realizado em sete países latino-americanos - República Dominicana, Argentina, Chile, Peru, México e Costa Rica são os outros. No Brasil, a pesquisa foi feita em seis capitais: Goiânia, São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus, Recife e Porto Alegre.
Para o cientista político, os dados revelaram que é preciso dar mais atenção à participação política dos menos favorecidos, uma condição necessária para a criação de políticas públicas. "Essa pesquisa alerta a sociedade brasileira, ou parte significativa dela, para um problema: nós estamos ainda distantes da participação. Precisamos nos envolver mais, nos unir mais, fazer com que nossos interesses sejam representados de uma maneira mais plena", afirmou. Segundo ele, a continuidade da pesquisa "ajuda muito a sociedade a direcionar suas políticas, principalmente as políticas educacionais".