Liésio Pereira
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - O Brasil tem o menor índice de participação social entre os sete países latino-americanos pesquisados pelo Índice de Participação Social, divulgado esta semana na Assembléia Legislativa de São Paulo. O país atingiu a pontuação de 1,7 em uma escala de zero a 20 e os maiores índices foram da República Dominicana (3,4) e do Chile (3,1), seguidos pelo Peru (2,6), Argentina (2,2), México (2,2), Costa Rica (1,9) e Brasil.

"Nós temos o menor índice de participação. De zero a vinte, o nosso índice é de 1.7, de participação média. Mas o maior índice dos países da América Latina pesquisados é entre 3 e 4 pontos, o que quer dizer que a participação no continente é muito baixa", explicou a coordenadora e idealizadora da pesquisa no Brasil, Roseli Coimbra.

Segundo ela, o principal motivo da participação do brasileiro, apontado pela pesquisa, é "para ajudar", o que foi citado pela maioria na declaração espontânea. "Tem esse caráter filantrópico, altruísta, muito pouco para a modificação, para transformar a sociedade brasileira. É para ajudar, uma coisa mais paternalista", disse.

Entre os participantes da pesquisa no Brasil, 55% optaram pelo caráter altruísta, enquanto 19% responderam que era para mudar ou dar a sua opinião e 18%, por gostar, aprender ou sentir-se bem. Os demais motivos citados foram benefício próprio/conveniência (8%), tempo disponível (6%), compartilhar com as pessoas/conhecer pessoas (3%), outras respostas (7%) e não sabem/não responderam (7%).

Sobre a solidariedade do brasileiro, a pesquisadora afirma que ele é solidário, mas não em todos os momentos. Segundo ela, o levantamento aponta participações pontuais e não continuadas. "Nós temos essa idéia idealizada do brasileiro e eu acho que ele é [solidário] realmente, mas em alguns momentos muito pontuais. Aqui [na pesquisa], nós estávamos buscando uma participação efetiva e contínua. Acho que o brasileiro se motiva em cima de uma causa e sai. Na realidade, nós temos que ter uma participação mais sistematizada para que haja uma mudança social efetiva do país", observou.

A pesquisa mostrou que os principais motivos para a não participação social dos brasileiros são falta de tempo (41%), de interesse (37%) e desinformação (26%). O estudo foi coordenado no Brasil pelo movimento "Voto Consciente", que integra a Rede Interamericana pela Democracia (RID), apoiadora do projeto desenvolvido pela organização chilena Participa e pela empresa de pesquisa de mercado Adimark.