Benedito Mendonça
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Quanto mais o governo procura uma saída para o pagamento da dívida pública mais se transfere renda da população para o governo para pagar juros. Isso empobrece a população, porque reduz seu poder de compra.
A afirmação foi feita pelo professor de Economia da Universidade de Brasília (UnB), Dércio Munhoz, durante o seminário Dívida Pública e Pobreza: um problema a ser definitivamente equalizado, promovido pelo Conselho Federal de Economia (Confecon) e o Conselho Regional de Economia (Corecon/DF).
Para Munhoz, grande parcela da renda das famílias e do mercado está sendo desviada para o governo, "na tentativa de pagar uma dívida impagável e que continua crescendo". Ele disse que os juros ideais para o país deveriam ser de 3% ao ano, fora a inflação, mas a taxa básica da economia (Selic) é de 17,5%.
Na opinião do professor, o Brasil "está vivendo em um mundo completamente irreal", onde não se buscam caminhos, mas se aprofunda a crise "na medida em que o governo acha que aumentando impostos numa economia parada pode solucionar um problema que tem uma complexidade maior". Munhoz ressaltou que a dívida pública nunca foi enfrentada no passado por outros governos "porque não há condições de pagamento possível".