Pobreza brasileira tem cara de criança do semi-árido, afirma representante do Unicef

09/12/2004 - 11h30

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília - "Podemos dizer que a pobreza brasileira tem cara de criança do semi-árido", afirma Marie Pierre Poirier, representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil. O órgão divulgou nesta quinta-feira (9) o relatório Situação Mundial da Infância 2005 – Infância Ameaçada.

Para Marie Pierre, um dos dados mais preocupantes do relatório é a situação de vulnerabilidade infantil na região semi-árido brasileiro. De acordo com o estudo, 75% das crianças vivem em famílias pobres e, em alguns municípios da região, esse percentual chega a 90%.

Em 95% das cidades do semi-árido, a taxa de mortalidade infantil supera a média nacional, que é de 33 mortes para cada mil crianças nascidas vivas, antes de completarem um ano de idade. Além disso, 46% dos meninos e meninas que vivem na região são analfabetas e 42% não têm acesso à água potável.

O documento traz dados sobre a situação de meninos e meninas brasileiros relacionados à pobreza e suas diferentes dimensões, violência e epidemia de HIV/Aids. O relatório revela ainda que uma em cada duas crianças vive em situação de pobreza em todo o mundo. No Brasil, 27,4 milhões de crianças e adolescentes fazem parte do universo de famílias que vivem com renda per capita de até meio salário mínimo, o que representa renda diária inferior a R$ 4,33 para cada pessoa.

O relatório será entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima segunda-feira (13).