Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A redução das desigualdades de gênero e raça no mercado de trabalho é essencial para criar empregos decentes e, conseqüentemente, reduzir a pobreza. Essa foi uma das principais conclusões da especialista em gênero da OIT, Laís Abramo, em palestra no seminário Agenda Nacional de Trabalho Decente e Política Geral de Emprego que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) realiza em Brasília.
Segundo Laís Abramo, as políticas de emprego têm que privilegiar as mulheres como condição para superar a pobreza, já que é cada vez maior o número de famílias chefiadas por elas. "Hoje, 25,5% dos domicílios no Brasil são chefiados por mulheres e em 87,3% dos casos as mulheres que são chefes de família não têm um cônjuge", observou a especialista.
As disparidades no mercado de trabalho são piores quanto ao indicador gênero que as de raça. Em 2001, por exemplo, as mulheres recebiam 79% do rendimento dos homens e os negros recebiam 50% do rendimento dos brancos. "As diferenças de remuneração são uma das formas mais persistentes de desigualdade no mundo do trabalho", afirmou Laís Abramo. A implicação desses indicadores, segundo Laís, é a necessidade de criação de políticas de emprego que tenham o objetivo de aumentar as taxas de participação e ocupação das mulheres, com atenção especial às negras.
Ao analisar a demanda por trabalho, o técnico do Instituto de Planejamento e Economia Aplicada (IPEA), Bruno Amorim, disse que há uma relação diretamente inversa entre crescimento econômico e realocação de emprego. A realocação é a soma da criação e da destruição de emprego, uma conceito que engloba o estoque de vagas e também a rotatividade. Amorim mostrou estudo em andamento pela equipe da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais, no qual fica evidente que haverá mais demanda por trabalho (portanto de oferta de emprego) quanto mais saúde financeira tiverem as empresas.
Amorim ressaltou que apesar de óbvio afirmar que "um país tem que crescer para que haja emprego", não basta garantir o crescimento. "Não é necessário apenas ter políticas de criação de empresas, como as micro e pequenas, mas também de manutenção delas", opinou o técnico. O estudo, segundo ele, pode trazer uma colaboração para as políticas públicas de emprego quando vista a perspectiva da demanda.