Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Os membros da ala governista do PMDB ainda tentam adiar a convenção marcada para o próximo domingo com a finalidade de definir se o partido continua na base aliada do governo. O senador Pedro Simon (PMDB-RS) subiu à tribuna do Senado para defender o adiamento da convenção, desde que os ministros do PMDB se licenciem do partido enquanto estiverem nos cargos.
Simon é contrário ao prazo de 48 horas fixado nesta quinta-feira pela Executiva Nacional do partido para que os ministros Eunício Oliveira (Comunicações) e Amir Lando (Previdência) entreguem os cargos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "A proposta que apresento é que o PMDB saia do governo e busque candidaturas próprias, e os ministros se afastem do partido. Se os ministros continuarem, que se afastem do PMDB enquanto ficarem. Isso aconteceu com o PT quando ao Erundina foi convidado para integrar o governo Itamar. Então para não promover uma caça às bruxas, essa é uma solução", afirmou.
Já o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) disse que as negociações vão continuar para que a convenção não aconteça no domingo. "Nós não queremos a convenção, porque achamos um acinte dar 48 horas para ministro, achamos que não é uma coisa acertada fazer ela agora, pois poderia ser em abril ou em março", disse. Segundo o senador, o partido não tomará nenhuma atitude que prejudique a governabilidade do país. "O PMDB sempre está crescendo, inclusive nas últimas eleições saiu-se muito bem. Talvez seja até essa possibilidade de se admitir dissidência no nosso regimento que permita o PMDB ter tanta amplitude no território nacional", ressaltou.
O governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB), foi pessoalmente ao Senado conversar com o presidente da Casa, José Sarney (PMDB), para intermediar as negociações. Durante a reunião da Executiva, o deputado Tadeu Filipelli (PMDB-DF), representante do governo do Distrito Federal na reunião, votou a favor da realização da convenção – posição contrária ao que defendem Sarney e o próprio Roriz. "Eu não sou interlocutor de governo. Sou contra o PT de Brasília, e não nego isso. E vou ser sempre contra. Eu estou entrando (nas negociações) na medida que eu possa ajudar o meu partido. E ajudar o meu partido é prorrogar a convenção, que vai ser radicalíssima", afirmou.
O governador disse que não recebeu nenhuma proposta do governo federal para apoiar o adiamento da convenção, mas confirmou que o ministro Antonio Palocci (Fazenda) fez um apelo pela permanência do PMDB no governo. "O argumento dele é forte: que a economia está indo bem, que os investimentos são enormes. Ele tem medo de uma dificuldade política que possa prejudicar os investimentos no país", declarou.
Para o senador Maguito Vilella (PMDB-GO), o racha do PMDB tem um motivo claro: a disputa por cargos no governo federal. "Desde que foi franqueada ao partido a possibilidade de indicar Ministérios, é lógico que todo mundo quer indicar um ministro. E é lógico que o partido acaba indicando dois ministros, vai satisfazer a dois, e deixar uma legião sem cargos que vão ficar querendo uma oportunidade, como está acontecendo. O partido teria que ter dado apoio sem cargo nenhum. Se o partido quer governabilidade, ajudar o país, o povo, não precisa de cargo para isso", defendeu.