Andréia Araújo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O ministro da Secretária Especial de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, disse hoje que, além de abrir os arquivos da ditadura militar, o governo pretende deixá-los acessíveis à população. Miranda explicou que há 12 anos foram abertos os arquivos do Departamento Ordem Política e Social (Dops), mas ainda há milhares de documentos que são inacessíveis e "as pessoas nem sabem que eles (os arquivos) existem".
Para tornar acessível esses documentos, o ministro disse que será criado no próximo ano um Centro de Referência para integrar todos os documentos referentes à ditadura.. Esse Centro de Referência deverá contar com a parceria da Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e da Universidade de Brasília.
"São milhões de documentos. Vamos criar mecanismos que possibilitem o acesso a isso. Os do Dops de cada estado e os arquivos das pessoas torturadas. A maior parte deles está sem uso. Nós queremos que isso tudo seja usado. Tipo um arquivo museu", explicou Nilmário Miranda.
O ministro informou ainda que, dentro de dois meses, devem ser concluídos os processos de investigação para indenizar famílias de vítimas de torturas. Apenas os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia, Ceará, Santa Catarina e Goiás já pagaram essas indenizações.
Nilmário também está discutindo com a Argentina a criação de um Monumento às Vítimas de Torturas no Cone Sul. Esse monumento vai homenagear as vítimas da Operação Condor, ação conjunta entre os órgãos de repressão dos países da região durante as ditaduras que os dominaram entre os anos 60 e 80 do século passado.
Outra parceria importante entre a Secretaria de Direitos Humanos e a Universidade de Brasília vai possibilitar a Criação do Centro Interdisciplinar de Direitos Humanos, o primeiro da América Latina, que deve começar a funcionar já em 2005. Esse centro possibilitará estudos que orientem políticas públicas, além de dar treinamento a grupos sobre o tema.
"Isso é importantíssimo. É a relação de democracia e direitos humanos", declarou o ministro de Nilmário Miranda, durante a abertura do Congresso Internacional de Direitos Humanos, que acontece na UNB.