Leonardo Stavale
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O desafio de ampliar a participação social na democracia foi o foco principal do Seminário Internacional Democracia e Desigualdade, realizado na Universidade de São Paulo e organizado pelo Núcleo de Estudos da Violência (NEV) e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Para os participantes do debate, os mecanismos do Estado que deveriam reduzir as desigualdades sociais também inibem a participação dos excluídos.
A pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência, Nancy Cárdia, afirma que os principais desafios para ampliar a democracia são a "falta de transparência sobre as regras e tomadas de decisão, a desigualdade dos cidadãos frente à burocracia, a ausência de mudanças no padrão de tomada de decisão e as relações diretas e cotidianas dos cidadãos com o Estado". Segundo Nancy, a resistência do Estado às mudanças provoca na população a sensação de que nada pode ser feito.
Para a pesquisadora da Universidade de Brasília (Unb), Graça Rua, é preciso avaliar a eficiência da participação popular por outras vias, que não as formas clássicas, como a partidária e a sindical. "Precisamos refletir sobre os problemas e dificuldades da participação. O homem não é um ser naturalmente participativo porque a participação tem um custo".
O diretor do Núcleo de Estudos da Violência, Paulo Sérgio Pinheiro, acredita que "não bastam políticas sociais, é preciso que o todo do Estado funcione numa estratégia de redução da pobreza". Segundo ele, "os pobres são vitimados e discriminados pelas mesmas instituições que são a base do Estado de Direito". Pinheiro avalia que as violações sistemáticas dos direitos dos pobres não só se abatem sobre direitos civis como também sobre os direitos políticos, culturais e sociais."Nossa tarefa é tornar transparente este processo de produção de pobreza", afirma.