Greenhalgh espera que AGU não recorra à decisão de Tribunal Federal

06/12/2004 - 19h28

Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) acompanhou nesta quarta-feira a audiência da sexta câmara do Tribunal Regional Federal da 1ª região. Por maioria – dois votos a um – os desembargadores federais desconsideraram o recurso da Advocacia Geral da União (AGU) e endossaram decisão anterior que determinava a abertura dos arquivos referentes à morte e desaparecimento de integrantes da chamada Guerrilha do Araguaia.

"Não acho que possa haver embargos ou recurso, nem acho que esse é o interesse da União", opinou o deputado, integrante da equipe de advogados que desde 1982 apóia as 22 famílias de desaparecidos na ação judicial. Por ser parlamentar, Greenhalgh não pôde representar as famílias na tribuna nesta quarta-feira. Mas, aos jornalistas, criticou a demora na abertura dos arquivos: "A dor que eu sinto desde que o governo recorreu lembra o verso cantado por Maria Bethânia: é inútil dormir que a dor não passa".

A Advocacia-Geral da União ainda pode recorrer da decisão do TRF no próprio tribunal, no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e, por fim, no Supremo Tribunal Federal (STF). A assessoria do órgão, no entanto, não informou ainda se o recurso será apresentado, mas revelou que uma reunião para tratar do assunto já foi marcada.

Ao ser chamado para se pronunciar na audiência, o representante do órgão optou por não fazer comentários adicionais e confirmar o que consta nos autos. Os argumentos da AGU foram levados em conta pelo desembargador federal Daniel Paes Ribeiro, único a não acompanhar o voto do relator. Para Ribeiro, deve ser considerada a impossibilidade de, no tempo e nas condições determinadas pela juíza Solange Salgado, revelar as informações completas sobre a repressão à guerrilha e encontrar os corpos dos desaparecidos.