Edla Lula
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Pesquisa divulgada nesta segunda-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou que 74% das empresas nordestinas desenvolvem algum tipo de trabalho social. No Sudeste a proporção é de 71%. A pesquisa foi realizada durante o ano de 2003 apenas com empresas das duas regiões.
Na comparação com dados coletados na primeira edição da pesquisa, feita em 1999, o crescimento de empresas atuantes no setor social foi de 35% (naquele ano estava em 55%) no nordeste e de 6% no Sudeste (67%).
Outro dado revelador é que as empresas estão cada vez mais conscientes do compromisso que devem manter com a comunidade. Dos 26% de empresas nordestinas que ainda não realizam atividades sociais apenas 6% opinaram que este não é papel das empresas privadas, dez por cento alegaram falta de incentivo do governo e 62% afirmaram não ter dinheiro para investir.
No Sudeste 53% dos empresários também disseram que só não investem por falta dinheiro. "As empresas hoje já entendem que elas também têm que dar a sua contribuição", comentou a socióloga Ana Peliano, coordenadora da pesquisa.
A pesquisa considera como ação social empresarial "qualquer atividade que as empresas realizam, em caráter voluntário, para o atendimento de comunidades nas áreas de assistência social, alimentação, saúde, educação, entre outras.
Foram excluídas do conceito de ação social as atividades executadas por obrigação legal, como, por exemplo, as contribuições compulsórias às entidades integrantes do chamado Sistema "S" (Sebrae, Sesi, Sesc, Senac, Senai, Senat, Sescoop, Senar)".
No nordeste, os empresários baianos lideram, com 76% de participação, o ranking dos que mais colaboram. Mas Ana Peliano ressaltou o grande impulso que tiveram os outros estados da região, no período entre as duas edições da pesquisa. "Houve um aumento significativo da ordem de 64% no Ceará, de 55% em Pernambuco e de 46% nos outros estados", diz ela.
No Sudeste, Minas Gerais, que liderava o envolvimento social privado na primeira edição da Pesquisa, se mantém na frente, mas com percentual inalterado em 81%. No Rio de Janeiro, a proporção passou de 59% para 69%.
Ana Peliano também destacou a contribuição das microempresas, que empregam de uma a 10 pessoas. Sudeste houve aumento de 15% e, no Nordeste, 29%. Entre as grandes empresas do Sudeste, com mais de 500 funcionários, 97% têm algum tipo de envolvimento social e, do Nordeste, 94%.
"Também chamou atenção a participação do setor agropecuário, especialmente na região Sudeste, é o setor que tem a participação mais expressiva", disse Peliano. Entre as duas edições da pesquisa, o setor incrementou a sua participação nas causas sociais em 95%, atingindo hoje um total de 78%.
Esta segunda edição da pesquisa traz a análise das ações sociais voltadas especificamente para o combate à fome. Os resultados apontam que 100 mil empresas das duas regiões deram sua contribuição, 70% delas com doação de alimentos. No Nordeste as ações de combate à fome envolveram 31% das empresas. No Sudeste, 28% colaboraram de alguma forma.
Os resultados divulgados hoje fazem parte da primeira etapa da pesquisa. Em maio o Ipea deverá divulgar a segunda etapa. "Vamos dizer quanto as empresa estão investindo em termos de recursos. Vamos dizer se estão utilizando incentivos fiscais e a que estão atendendo, ou seja, que trabalhos específicos estão desenvolvendo", informou a socióloga.