Rosamélia de Abreu
Repórter da Rádio Nacional
Brasília - "Eu aprendi, eu ensinei. Assim construímos" é o slogan de um projeto que vem sendo desenvolvido em 11 cidades da região norte de Minas Gerais e que está mudando a vida dos estudantes. Eles levam para casa as informações que recebem dos professores sobre como se alimentar melhor, cuidados com a saúde, educação sexual e preservação do meio ambiente.
Vinte e quatro mil alunos e mais de mil professores de 53 escolas estão envolvidos com o projeto implantado em agosto de 2003. A professora Marisa Soares Magalhães, da Escola Estadual Industrial São José, em Araçuaí, destaca que os hábitos de alimentação das famílias carentes da cidade estão mudando. "A gente está ensinando a plantar legumes, verduras e frutas ou a comprar os produtos que estão mais baratos. Orientamos ainda a comprar, ao invés de um quilo de carne , apenas meio e levar para casa mais verduras e legumes. Nós ensinamos que quanto mais colorido o prato, melhor a alimentação", explica a professora.
Marisa informa que a população da cidade é muito carente e que o feijão, arroz e macarrão eram a base da alimentação. "Nós estamos mudando essa cultura aos poucos, inserindo gradativamente alimentos mais nutritivos na refeição das famílias dos nossos alunos", acrescenta.
Os professores de educação física da escola São José mediram e pesaram os alunos e notaram melhoria no peso e altura das crianças.
No ano que vem, a idéia é iniciar o plantio de uma horta escolar e outra comunitária. Os alunos do segundo ano do ensino médio vão plantar e cuidar das duas hortas. "Os alimentos plantados e colhidos por nossos alunos vão para a merenda escolar e para as famílias", diz a professora.
Gisela Bernardes Solymos, diretora de projetos do Centro de Recuperação e Educação Nutricional da Salus Associação para a Saúde, que desenvolve o projeto, destaca que o pouco dinheiro não impede que as famílias tenham uma alimentação mais nutritiva. "A falta de dinheiro não é o problema mais grave e nem o mais incidente sobre o problema alimentar. É preciso conhecer os alimentos mais nutritivos e como combiná-los para aproveitar melhor seu valor nutricional", lembra a diretora.
Gisela Solymos informa ainda que o Centro de Recuperação e Educação Nutricional está negociando com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome a ampliação do projeto "Eu aprendi, Eu ensinei. Assim construímos" para outras regiões do país. O ministério investiu R$ 1,2 milhão para implantar o projeto em Minas Gerais.