Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Qualquer ação para restringir a exibição de produções norte-americanas e que incentive a distribuição de filmes entre os países do Mercosul é bem-vinda. Essa é a opinião do cineasta Carlos Reichenbach sobre a implementação da cota de tela, discutida na última quinta-feira (2) na 4ª Reunião Especializada de Autoridades Cinematográficas e Audiovisuais do Mercosul (Recam), da qual participaram representantes do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, além de Chile, Bolívia e Venezuela.
Com a criação de uma cota, a exibição de filmes produzidos estaria garantida entre os países que integram o bloco econômico. "Já é tarde para isso. Esse projeto já devia estar em andamento. Essa é uma forma de poder garantir mercado para a produção da América Latina. Não dá para imaginar parcerias para produções latinas sem ter garantia de que os filmes vão entrar no continente. São coisas que se complementam", disse Reichenbach.
Para o cineasta, é preciso coragem e desejo de enfrentar o mercado cinematográfico norte-americano. "É necessário garantir o espaço das produções latinas. Não vai ter outra forma de garantir fluidez cultural, de uma cultura que tem mais a ver com a nossa. Agora, se temos dificuldade para fazer passar leis no Brasil, imagine no Mercosul".
Reichenbach afirma ainda que para implantar esse projeto deveria-se estabelecer o espanhol como língua forte no país e que a língua fosse ensinada nas escolas, assim como acontece com o inglês. "Eu sou a favor da cota de tela e é necessário que todos os países do Mercosul se abracem para poder se impor culturalmente e economicamente. Tudo o que puder diversificar e criar outro tipo de opção cultural e fazer o público enxergar de outra forma o cinema norte-americano. Tem que se garantir que a cultura do continente trafegue livremente por aqui".