Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Diagnóstico sobre a Defensoria Pública no Brasil mostra que 47,1% dos defensores da União gostariam de exercer outra carreira jurídica. "Isso é muito preocupante", afirmou a pesquisadora responsável pela pesquisa, Maria Tereza Sadek, professora do Departamento de Ciências Políticas da Universidade de São Paulo. Ela acrescentou que 38,6% dos defensores públicos no país estão se preparando para ingressar em outra carreira. "As carreiras jurídicas mais prestigiadas para o defensor são a magistratura federal e o Ministério Público Federal", disse.
O Brasil conta hoje com 3.440 defensores. Significa 1,86 defensor para cada 100 mil habitantes, enquanto que a proporção de juízes é de 7,7 para cada 100 mil habitantes. A maioria dos defensores é do sexo feminino, com média de idade de 43 anos, cor branca e casada. A maioria dos entrevistados (62,7%) entrou na carreira por meio de concurso. Não há um padrão nacional de remuneração. A média inicial é de R$ 4.279,81 e a final de R$ 5.708,35.
Entre os fatores que influenciam a escolha da carreira está a possibilidade de advogar para pessoas carentes e, em seguida, a oportunidade de desenvolver trabalho social e a estabilidade do cargo público. A pesquisa aponta que, no geral, é muito positiva a avaliação que os entrevistados fazem sobre a atuação da Defensoria Pública. As áreas melhor avaliadas são: família, varas criminais e tribunal do Júri.
O levantamento deu oportunidade de os entrevistados responderem quais as melhores propostas para melhorar a distribuição de justiça. Praticamente todos (98%) manifestaram-se "totalmente a favor" de autonomia administrativa e orçamentária e autonomia financeira. As propostas recebidas com menor entusiasmo são: instituição de ouvidor fora dos quadros da carreira, controle externo da Defensoria Pública e participação da sociedade civil na definição de prioridades de atuação.