Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Novas estratégias de ação no combate ao tráfico de seres humanos estão sendo articuladas entre autoridades do Brasil e dos Estados Unidos: maior vigilância nos aeroportos internacionais e a identificação de locais que possam abrigar os criminosos e suas vítimas, como hotéis, estão entre as medidas que foram discutidas hoje entre o secretário estadual da Justiça paulista, Alexandre de Moraes, e o embaixador norte-americano, John Miller.
O embaixador visitou o Palácio da Justiça, onde organizações não-governamentais (ONGs) desenvolvem trabalhos preventivos. Para esses trabalhos, que contam com a parceria do Ministério da Justiça, o governo norte-americano repassou este ano cerca de 20 mil dólares.
A idéia, segundo o secretário, é estender as ações do escritório paulista para outros estados.
Em parcerias com o Ministério da Justiça, já está prevista a instalação em Goiás, Rio de Janeiro e Ceará. Paralelamente, está em estudo a formação de uma rede de informações, para identificação detalhada das rotas.
Há no Brasil cerca de 240 rotas e as capitais com terminais internacionais, como São Paulo, servem de eixo de ligação para a saída das pessoas que são negociadas como mercadorias para a exploração sexual. Muitas delas são atraídas sob falsas promessas de um bom emprego. Dados do governo norte-americano indicam que, anualmente, são traficadas cerca de 800 mil pessoas em todo o mundo, a maioria mulheres e crianças levadas para fora de seus países.
O embaixador John Miller, que é diretor do Escritório de Monitoramento e Combate do Tráfico de Seres Humanos do Departamento de Estado dos Estados Unidos, disse que em seus discursos, o presidente norte-americano, George W. Bush, tem enfatizado a necessidade de coibir esse tipo de crime. Mesmo tendo leis rígidas, segundo ele, o número de condenados pela justiça de seu país deveria ser muito maior. No ano passado, foram sentenciados 77 criminosos. Na sua avaliação, um trabalho de conscientização junto ao público alvo pode ajudar no combate.
Miller informou que, entre as medidas adotadas pelos Estados Unidos, estão a aprovação no Congresso de uma legislação que prevê a condenação até 30 anos para norte-americanos que abusarem sexualmente de crianças no Exterior; iniciativas para aumentar o número de resgates de vítimas do tráfico e a difusão de uma campanha de conscientização para alertar as vítimas quanto à possibilidade de serem ajudadas pela linha direta nacional mantida pelo governo norte-americano, com discagem gratuita.