Mercosul comemora dez anos com saldo positivo, avalia Paulo Levy

29/11/2004 - 16h59

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - Na avaliação do economista Paulo Levy, diretor de Estudos Macroeconômicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), é positivo o balanço de 10 anos do Mercosul, que serão completados em dezembro próximo. Em entrevista hoje à Agência Brasil, Levy destacou que o bloco é sujeito a turbulências em função da realidade dos principais parceiros do bloco comum, que são Brasil e Argentina, mas, no cômputo geral, os resultados são positivos.

Paulo Levy afirma que a questão chave agora é concentrar a união aduaneira em termos de regras de comércio estáveis. A moeda comum ainda é projeto de médio e longo prazos, avalia, considerando ainda como possível o registro de avanços em termos de harmonização de normas entre os integrantes do bloco.

Na área de negociações internacionais, Levy afirma que tanto a Organização Mundial do Comércio como o acordo com a União Européia e as negociações com os EUA para a formação de uma Área de Livre Comércio das Américas (Alca) apresentam dificuldades grandes. Para o Brasil, em particular, definido como um "global trader", o melhor seria avançar na OMC, isto é, definir regras globais para comércio, que fossem respeitadas por todos, e que, para os brasileiros, atenderiam à diversificação da pauta de comércio e dos mercados de destino.

Isso poderia reforçar a posição do Brasil e do Mercosul frente à Alca, admitiu Levy, "porque a Alca na verdade interessa na medida em que reforça a posição brasileira na negociação comercial com outros países. Mas, se você obtém avanços significativos na OMC, a Alca deixa de ser tão relevante".