Serviços de atenção psicossocial devem se aproximar da população de rua, diz coordenador

24/11/2004 - 18h11

Brasília, 24/11/2004 (Agência Brasil - ABr) - Cerca de 54% das crianças e adolescentes que vivem nas rua possuem a consciência de que estão agindo de maneira errada ao consumir drogas, mas menos de 1% afirmou já ter procurado ajuda para largar o vício. Apesar de estarem praticamente o dia todo nas ruas, vendendo balas, limpando carros e na maioria das vezes envolvidos com drogas, esses jovens não procuram o sistema de saúde.

O resultado do quinto Levantamento sobre o Uso de Álcool e Drogas entre Crianças e Adolescentes em Situação de Rua será levado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura do Fórum Nacional sobre Drogas, à noite, no Colégio Militar de Brasília. O estudo foi realizado no segundo semestre do ano passado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) e financiado pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad).

O objetivo foi analisar o comportamento dos menores de ruas sobre o uso de drogas, com a preocupação de identificar as formas de aquisição de drogas permitidas e ilegais e também observar as tentativas de mudança e expectativas de vida.

Para o coordenador de Saúde Mental e Drogas do Ministério da Saúde, Pedro Gabriel Delgado, "é preciso continuar promovendo a expansão de serviços do tipo Caps (Centro de Atenção Psicossocial) Álcool e Drogas próximo ao ambiente onde vivem essas crianças". A população de rua, acrescentou, concentra-se nas grandes e médias cidades, onde existem situações que podem favorecer algumas dessas atividades que elas desenvolvem.

O Caps Álcool e Drogas é um serviço que, segundo o coordenador, "vai aonde surgem os problemas, como as comunidades mais carentes". Delgado lembrou ainda que deve existir uma relação de mais confiança entre os serviços de saúde e essas crianças e adolescentes. "Nós temos uma legislação que criminaliza o uso de drogas e, com isso, estabelece uma relação de pouco acolhimento", acrescentou.