Lula almoça com deputados do PMDB e aguarda convenção que vai decidir se partido fica no governo

24/11/2004 - 17h04

Iolando Lourenço
e Ana Paula Marra
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - Depois de jantar com os senadores do PMDB na última sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva almoçou hoje com os deputados peemedebistas na casa do ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, na tentativa de manter a sigla na base do governo no Congresso Nacional, mas nenhuma decisão foi tomada durante o encontro, o que só acontecerá no dia 12 de dezembro, durante a convenção nacional do partido.

O ministro Eunício Oliveira, que trabalha para o partido continuar na base governista, garantiu que a maioria da bancada na Câmara é favorável à permanência no governo, mas reconheceu existir um grupo que defende a saída. "Todo e qualquer governo precisa de aliados e de outros partidos políticos. Precisa, também, de uma coalizão para o desenvolvimento do país", defendeu o ministro.

Ele ressaltou, no entanto, que os parlamentares que discordam de sua posição serão respeitados. "O PMDB sempre discute e debate e, no final, termina fazendo a sua junção e a confraternização. A busca do entendimento e da conciliação partidária faz parte da nossa história partidária".

O ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, um dos principais articuladores da permanência do PMDB na base governista, disse, ao deixar o almoço, que o governo precisa de aliados e de uma coalizão para seu crescimento. Para ele, a presença do PMDB na base aliada é fundamental para garantir a governabilidade. "O Brasil tem que ser governado por uma união de forças políticas, partidárias, intelectuais, econômicas e sociais. Para superar os desafios que nós temos se faz necessária a aliança de forças políticas", disse.

Segundo ele, no discurso de 30 minutos, o presidente Lula destacou que respeita e sempre respeitará qualquer decisão do PMDB: "O presidente enfatizou a importância da presença do PMDB em um amplo arco de alianças e na coalizão para governar o Brasil".

Já o presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), que defende a saída do PMDB da base do governo, deixou o almoço afirmando que a Convenção é que vai definir o futuro das relações do partido com o governo. "Eu disse ao presidente Lula que se a convenção decidir pelo apoio ao governo nós vamos garantir esse apoio", destacou. Ele também assegurou que se a decisão da convenção for no sentido de sair do governo "nós ainda assim asseguraremos a governabilidade no Parlamento".

O líder do governo no Senado, Aloízio Mercadante (PT/SP), que também almoçou na casa de Eunício, disse mais uma vez ser defensor da permanência do PMDB como aliado do governo e lembrou que, no Senado, o partido tem ajudado o governo nas votações. Segundo ele, dos 23 senadores do partido, 20 já se manifestaram favoráveis à continuidade dos peemedebistas na base.

Para Mercadante, o governo do presidente Lula é um governo de coalizão. "Esse é um governo de alianças, de coalização. Nós só conseguimos aprovar as matérias na Câmara e no Senado com o apoio dos partidos aliados. E aliado não pode ser chamado só para votar, tem que ser chamado para elaborar, participar, conceder e decidir, porque assim é que vamos dar mais agilidade e enfrentar os desafios que temos pela frente", ressaltou Mercadante.

Líderes como Renan Calheiros, no Senado, o ministro Eunício e o próprio ministro da Previdência, Amir Lando, garantiram que no almoço não se tratou da ampliação do espaço do PMDB no primeiro escalão do governo. Mesmo assim, o líder do partido na Câmara, deputado José Borba (PR), voltou a falar da necessidade de maior participação do partido no Executivo.

Dos 76 deputados da bancada no Congresso Nacional, compareceram à reunião com o presidente 64 deles. Compareceram também ao almoço o presidente do Congresso, José Sarney (PMDB/AP), e o líder do governo na Câmara, professor Luizinho (PT/SP).