Aldeias indígenas da Raposa Serra do Sol são destruídas por fazendeiros

24/11/2004 - 18h16

Keite Camacho
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O clima na terra indígena Raposa Serra do Sol é tenso, de acordo com o representante do Conselho Indígena de Roraima, Julio Macuxi. Quatro comunidades que ocupam a reserva foram destruídas por fazendeiros, produtores de arroz e índios nesta terça-feira (23). Um índio foi baleado e outro continua desaparecido. Segundo o Macuxi, as comunidades estão sendo reerguidas, mas há a iminência de um conflito.

Pelo menos 40 pessoas invadiram as comunidades Jawari, Homologação, Brilho do Sol e retiro São José, destruindo mais de 20 casas, que foram queimadas ou derrubadas com o uso de tratores. "Um macuxi foi ferido no queixo e no braço. Foi levado por eles mas conseguiu fugir e pedir ajuda à Fundação Nacional do Índio (Funai), que providenciou a remoção para a cidade. Eles deixaram pais de família e crianças sem roupa e sem alimentação", contou.

Segundo Júlio, os índios que colaboraram na destruição das comunidades eram da sua própria etnia e foram "cooptados" pelos fazendeiros. Ele destacou ainda que há 30 anos os índios lutam pela terra e que a comunidade poderá perder a paciência com a demora na homologação. O macuxi fez questão de lembrar que, na região, vivem 15 mil índios das etnias Macuxi, Wapichana, Ingarikó, Taurepang e Patamona.

"O governo está demorando a homologar a terra, que já foi demarcada. Com a indecisão do governo, a iminência do conflito é grande, porque os arrozeiros não reconhecem os povos indígenas e que dizem que não é terra de índio. Para eles, bater em índio é a mesma coisa que bater em animal", destacou.